O professor Luiz Fernando de Abreu Cybis, presidente do Fórum Gaúcho dos Comitês de Bacia, presidente do Comitê Lago Guaíba e Diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, falou sobre a visão dos comitês em relação à Gestão dos Recursos Hídricos e Agência de Região Hidrográfica durante evento realizado nesta quarta-feira na Assembléia Legislativa gaúcha.
Cybis foi um dos participantes do painel A Visão dos Comitês, Municípios e Usuários, que integra esta edição do Diálogos de Convergência, que aconteceu no Plenarinho da Assembléia na tarde desta quarta-feira (24/09). O especialista trouxe informações sobre o Sistema Estadual de Recursos Hídricos. "Na minha opinião, os comitês são responsáveis pela gestão do sistema", disse.
Segundo ele, o Fórum Gaúcho de Comitês foi criado para propiciar uma instância de articulação entre os comitês. "Temos um cunho legalista de implementação dos instrumentos de gestão", explicou. "Se alguma região tem condições de ter o instrumento da cobrança instituído é a Hidrográfica do Guaíba".
Adolfo Klein, representante da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), membro do Conselho de Meio Ambiente da entidade, afirmou que o gerenciamento hídrico terá de ser algo negociado. A Fiergs se posiciona favoravelmente a que todos paguem pelo uso da água. "Isso porque o pagamento é o melhor instrumento de educação quanto ao uso do recurso hídrico consciente". A entidade defende que o pagamento seja feito sobre a captação, o lançamento e a carga poluidora. "Defendemos que a implantação seja feita na forma da lei. Não se pode começar a cobrança antes da criação da Agência de Bacia. A cobrança não pode ser mais um imposto e o dinheiro cobrado deve ficar na bacia".
O representante da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Carlos Alvin Heine, afirmou que a água interessa tanto nos fatores quantidade como qualidade: "Tratamos a água para o uso nobre, que é o consumo". Ele ressaltou que os aqüiferos, reservas de água doce subterrâneas, são quem fornece água nos tempos de seca. "Isso, muitas vezes, não é lembrado pelos comitês", lamentou.
Ivo Lessa, em nome da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), falou que o insumo de maior importância utilizado pelos produtores é o recurso hídrico. "Existe uma necessidade urgente de informar o produtor rural a respeito deste sistema", enfatizou.
Já Vera Regina Macedo, do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), falou sobre as ações relativas à lavoura de arroz, com enfoque no uso dos recursos hídricos. "Mais de 50% destas lavouras tem menos de 50 hectares. Por isso, tem um caráter social muito importante", relatou. Vera afirmou que no Estado há nove mil lavouras de arroz que respondem por 51% do que é produzido pelo país.
O evento integra o programa Sociedade Convergente, idealizado pelo presidente da Assembléia Legislativa, deputado Alceu Moreira, e está sendo comandado pelo diretor do Fórum Democrático da Desenvolvimento Regional, João Gilberto Lucas Coelho.
(Por Vanessa Lopez, Agência de Notícias AL-RS, 24/09/2008)