O Movimento Mundial pelos Bosques entregou, na segunda-feira (22/09) a Organização das Nações Unidas pela Agricultura e Alimentação (FAO) uma declaração assinada por mais de 100 profissionais e estudantes florestais de 29 países diferentes, que estão em total desacordo com a definição da FAO de que monocultivos de árvores são bosques.
No documento, os signatários afirmam que em todo o mundo os governos promovem a expansão de monocultivos de árvores em grande escala, apesar dos graves impactos sociais e ambientais já constatados nas plantações existentes. Os plantadores dão a desculpa de que as plantações são bosques.
"Lamentavelmente, muitos de nossos colegas florestais apóiam esse modelo e nossas instituições de ensino continuam preparando novas gerações de profissionais florestais formados para perpetuar e ampliar esse tipo de modelo florestal que pretende ver bosques onde não existem", assinalam.
Por causa dessa situação, os profissionais e os estudantes consideram que é necessário afirmar publicamente não só que os monocultivos de árvores não são bosques, mas também que tais plantações resultam ou resultaram na destruição dos bosques nativos e de outros ecossistemas igualmente valiosos que substituem.
Entre os impactos provocados pelo monocultivo de árvores, a declaração aponta: perda de biodiversidade; alteração do ciclo hidrológico, que resulta tanto na diminuição e esgotamento de fontes de água como no aumento das inundações e deslizamentos; diminuição da produção de alimentos; degradação de solos.
Acrescentam também que esses monocultivos causam perda de culturas indígenas e tradicionais dependentes dos ecossistemas originais, conflitos com empresas florestais sobre propriedade da terra em territórios indígenas e de outras comunidades tradicionais, diminuição de fontes de emprego em zonas de tradição agropecuária, expulsão da população rural, deterioração da paisagem em zonas turísticas.
"É por isso que os profissionais florestais que aspiramos à conservação dos bosques e que reconhecemos os direitos básicos dos povos que ali habitam devemos nos colocar ao lado daqueles que verdadeiramente defendem os bosques - as comunidades locais - e nos colocar à expansão a estes monocultivos", destacam.
(Adital, 24/09/2008)