O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, ganhador do Nobel da Paz por sua cruzada ambientalista, conclamou na quarta-feira os jovens à desobediência civil contra a construção de usinas de carvão que não tenham capacidade de armazenar o carbono que geram.
Gore, também vencedor do Oscar pelo documentário "Uma Verdade Inconveniente", sobre a mudança climática, disse em uma reunião filantrópica em Nova York que "o mundo perdeu terreno para a crise climática".
"Se você é um jovem olhando para o futuro deste planeta e olhando para o que está sendo feito e deixando de ser feito agora, acredito que tenhamos atingido o estágio em que é hora da desobediência civil para evitar a construção de novas usinas a carvão que não tenham captura e sequestro de carbono", disse Gore, sob aplausos no evento da Iniciativa Global Clinton.
"Acredito que o fato de uma empresa de carbono gastar dinheiro para convencer o público comprador de ações de que o risco decorrente da crise climática global não é tão grande representa uma forma de fraude acionária, porque está representando erroneamente um fato concreto", afirmou.
"Espero que esses procuradores gerais dos Estados tomem alguma providencia a respeito disso", acrescentou. O governo diz que cerca de 28 usinas a carvão estão em construção nos EUA. Outras 20 já tem licenças ou estão quase na fase de obras.
Cientistas dizem que a liberação de carbono pela queima de combustíveis fósseis --como o carvão mineral, mas também a gasolina e o diesel, entre outros-- é um fator preponderante no aquecimento global.
Embora a tecnologia permita o armazenamento do carbono emitido em usinas a carvão, não há projetos comerciais nesse sentido, em parte devido aos custos adicionais de até 50 por cento no investimento inicial.
O chamado geosequestro consiste em liquefazer o dióxido de carbono expelido da usina e bombeá-lo para lençóis freáticos esgotados, onde ficariam depositados.
(Por Michelle Nichols, Reuters, 25/09/2008)