A crise financeira global não justifica um recuo no plano da União Européia contra o aquecimento global, disse nesta quarta-feira o comissário de Meio Ambiente do bloco, Stavros Dimas. Mesmo antes do atual colapso financeiro global, muitas empresas da UE diziam que o plano de redução de gases do efeito estufa aumentaria gastos e afetaria sua competitividade.
Alguns funcionários do bloco agora admitem reservadamente que as falências e aquisições no setor financeiro podem levar a UE a adotar um plano menos ambicioso, já que os governos temem qualquer medida que possa desacelerar suas economias.
Mas Dimas rejeitou tal hipótese. "A crise financeira está aqui num dia e vai embora no outro. Mas a crise climática estará aqui para sempre, e devemos encará-la", disse Dimas a jornalistas, após reunião com o ministro polonês do Meio Ambiente, Maciej Nowicki. A França, que preside a UE neste semestre, espera confirmar o projeto climático do bloco ainda neste ano, apesar das restrições da Polônia, que teme prejuízos excessivos à sua economia.
Os países da UE se comprometem a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 20 por cento até 2020 (em relação aos níveis de 1990). A meta é que até lá 20 por cento da energia usada nos 27 países do bloco venham de fontes renováveis. Os 27 governos e o Parlamento Europeu estão atualmente discutindo leis para regulamentar essas metas.
Nowicki reiterou a oposição polonesa contrária ao leilão total das autorizações para emissões de gases no setor elétrico a partir de 2013, como prevê o atual plano de comercialização de créditos de carbono. Varsóvia quer uma adoção gradual desse sistema até 2020.
Ele argumentou que, pela atual proposta, o preço da eletricidade na Polônia aumentaria mais do que em qualquer outro lugar da UE, já que o país obtém mais de 95 por cento da sua energia de usinas termoelétricas a carvão, que emitem mais poluentes do que outras fontes, como o gás natural.
Dimas prometeu levar em conta as preocupações polonesas nas discussões da Comissão Européia (Poder Executivo do bloco). "Não queremos criar problemas sociais e econômicos na Polônia," disse o comissário.
(Reuters, 24/09/2008)