O Cerrado, principal alvo do avanço do agronegócio nas últimas décadas e bioma ainda não reconhecido como patrimônio nacional, começa amanhã a vislumbrar um sistema de monitoramento para suas perdas de vegetação.
Em Goiânia (GO), governo, organizações não-governamentais e Universidade Federal de Goiás (UFG) fecharão uma parceria para que o bioma seja eletronicamente vigiado, de início nos moldes do Deter, já usado na Amazônia, possibilitando a emissão de alertas sobre os principais focos de destruição.
O sistema, no entanto, começa a ser montado daqui a três meses. Será o primeiro passo para que, em futuro incerto, o Cerrado tenha um monitoramento por satélite de grande precisão, como o Prodes, que acompanha há mais de duas décadas as derrubadas na floresta tropical.
Tão arrastado quanto o início da vigilância informatizada é a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 53/2001, do senador Demóstenes Torres (DEM/GO). O texto dá status de patrimônio nacional ao Cerrado e à Caatinga. Está quase tudo pronto para a votação no plenário da Câmara. No entanto, o presidente da casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP), arrasta tudo com a barriga, sob pressão de parlamentares ruralistas. Agora, só um difícil acordo de lideranças ou uma pressão externa muito forte para liberar aquelas engrenagens.
(OEco, 24/09/2008)