O Irã "resistirá à intimidação e continuará a defender seus direitos" de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos, declarou nesta terça-feira o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, durante a Assembléia Geral das Nações Unidas em Nova York.
"Apesar do direito inalienável de todos os países, inclusive da nação iraniana, de produzir combustível nuclear com fins pacíficos, e apesar da transparência das atividades iranianas e de nossa cooperação com os inspetores da AIEA (Agência Internacional da Energia Atômica), algumas potências intimidadoras estão tentando colocar obstáculos, exercendo pressões políticas e econômicas contra o Irã", declarou o chefe de Estado iraniano.
"Essas mesmas nações produzem novas gerações de armas nucleares e possuem estoques de armas que nenhuma organização internacional vigia", acrescentou Ahmadinejad. "Porém, o grande povo iraniano, com sua fé em Deus, com determinação e com a ajuda de seus amigos, resistirá à intimidação, e continuará defendendo seus direitos", afirmou o presidente iraniano.
Irã recusa pacote
Na sexta-feira (19), as seis potências envolvidas nas negociações sobre o programa nuclear iraniano começaram a discutir, em Washington, novas sanções da ONU contra o Irã, que continua se recusando a abrir mão de suas atividades de enriquecimento de urânio, anunciou o porta-voz do departamento de Estado americano, Sean McCormack.
Os diretores políticos dos ministérios das Relações Exteriores dos Estados Unidos, da Rússia, da Grã-Bretanha, da França e da Alemanha e um representante chinês se reuniram ontem no departamento de Estado 'para estudar as sanções que poderão ser incluídas em uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU', destacou o porta-voz.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou na quinta-feira (18) que Teerã não irá suspender seu programa nuclear, contrariando a demanda das potências mundiais, e minimizou as ameaças de mais sanções contra o país.
As potências mundiais, principalmente EUA e países europeus, ofereceram um pacote de incentivos comerciais, entre outros, à república islâmica em troca da suspensão do enriquecimento de urânio --que pode ser usado tanto para a produção de energia elétrica quanto de bombas atômicas. Países ocidentais afirmam que o Irã está em busca de armas nucleares, mas Teerã nega, alegando que seu programa nuclear é pacífico.
América Latina
Ahmadinejad também apontou riscos da influência dos Estados Unidos aos países da América Latina, em seu discurso na ONU. A segurança e a cultura de algumas nações latino-americanas estão "seriamente ameaçadas por governos estrangeiros dominantes' e 'pelas embaixadas de alguns impérios", afirmou o presidente iraniano, em clara alusão aos EUA.
"Algumas nações da América Latina têm sua segurança e culturas seriamente ameaçadas por governos estrangeiros dominantes e pelas embaixadas de alguns impérios", disse Ahmadinejad. O dirigente iraniano estava se referindo às tensões recentes entre Washington e o governo da Bolívia, acirradas depois que o presidente Evo Morales expulsou o embaixador americano em La Paz.
Morales acusou os EUA de arquitetarem um golpe de Estado contra seu governo. Os Estados Unidos responderam expulsando o embaixador da Bolívia em Washington, Gustavo Guzman. A Bolívia e o Irã estabeleceram relações diplomáticas em 2007.
(Folha Online, com agências internacionais, 23/09/2008)