(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
aumento da temperatura apagão florestal consumo sustentável/consciente
2008-09-24

A mudança climática, antes era apenas uma evidência científica, hoje é um urgente imperativo político. Assumi-la constitui um enorme desafio para a sociedade mundial e um desafio mais estrutural para a economia mundial. Na América Latina não é um desafio menor, pois se prevê um severo aumento da temperatura: entre 0,6 e 1,2 grau até 2020, e entre 1,8 e 4,5 graus adicionais até 2080, mais uma redução das chuvas, particularmente no Cone Sul americano. Estas mudanças afetarão gravemente os ambientes continentais e a disponibilidade de água para consumo humano, geração elétrica e produção agrícola. Haverá maior exposição à deterioração florestal e de ecossistemas de montanha e mais desertificação.
 
O Grupo de Trabalho (GT) II do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirma que os setores com maior impacto social, econômico e ambiental na região serão agricultura, abastecimento de água e saúde da população. Para as nações da América Latina, cujas economias dependem em grande parte da renda por produção, processamento e exportação de hidrocarbonetos, exportação de matérias-primas e setores intensivos de água e energia, como celulose, aço e mineração, a mitigação deste fenômeno constitui um desafio para o coração de sua estrutura produtiva.

Nossa região está obrigada a desenhar estratégias menos consumidoras de capital natural, menos intensivas em água, energia e transporte, e mais geradoras de emprego. Também precisa de novos planejamentos urbanos, meios de transporte, com destaque na eficiência energética e no desenvolvimento de fontes renováveis não convencionais. Apesar deste panorama, a América Latina tem um grande potencial para a mitigação biológica das mudanças climáticas, isto é, a conservação de ecossistemas existentes e maior seqüestro de dióxido de carbono.

O GT II assinala que florestas, terras agrícolas e outros ecossistemas terrestres podem conservar e seqüestrar muito carbono, dando tempo a que as mudanças tecnológicas e os novos padrões de produção e consumo sejam desenvolvidos e implementados. Porém, este potencial se deve traduzir num compromisso político que a nossa região ainda não materializou. Existe o consenso de que o centro das estratégias de adaptação à mudança climática é a proteção dos ecossistemas. O Grupo recomenda fortalecer políticas, planejamento e gestão, para prevenir sua exploração e degradação, e também dar poder às comunidades para proteger territórios e desenvolver economias locais com base em serviços ambientais, com prioridade para formas de bonificação e produção agroecológicas, e estabelecimento de novas áreas protegidas.

A adaptação a condições mais secas em 60% do território latino-americano também requer aumento significativo dos investimentos em abastecimento de água. Além dos US$ 17,7 bilhões estabelecidos nos “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio” para a água potável de 121 milhões de pessoas até 2015, esta parte do continente deverá investir em proteção de águas superficiais e subterrâneas, reutilização e reciclagem em processos industriais e otimização do consumo para adaptar-se a longos períodos de estresse hídrico, agravados pelo rápido retrocesso das geleiras esperado para as décadas de 2020 e 2030.

Apesar destes impactos e das recomendações da comunidade científica internacional, feitas na Cúpula do Rio de 1992, o desmatamento aumentou e hoje se intensifica em países como Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai, devido à expansão do cultivo de soja, o que aumenta a aridez e a desertificação, além de afetar o ciclo da água e do clima. Se 60% da Amazônia podem desaparecer pela expansão urbana ou dos agrocombustíveis, se a Patagônia sofre risco de se industrializar com a construção de mega-barragens hidrelétricas no Chile, se as geleiras andinas são destruídas por explorações minerais, é claro que a atual modalidade do uso dos recursos naturais não faz mais do que agravar as ameaças da mudança climática para os sistemas de produção local e, em conseqüência, aumentar a vulnerabilidade das comunidades humanas.

Se o poderoso empresariado exportador de matérias-primas e os países da América Latina insistem em sistemas produtivos depredadores e atribuem a responsabilidades alheias os impactos da mudança climática, os recursos naturais dificilmente poderão sustentar o desenvolvimento futuro.

A mudança climática é um problema global de longo prazo e envolve complexas interações entre processos climáticos, ambientais, econômicos, políticos, institucionais, sociais e tecnológicos, em níveis internacional e intergeracional.

Enfrentar um novo sistema climático e a exacerbação dos fenômenos extremos requer novas formas de gerir os sistemas humanos e naturais. Nossa região enfrenta grandes ameaças sobre seus territórios e sistemas produtivos devido à mudança climática. Mas também tem grandes oportunidades para reorientar as políticas públicas sob critérios de igualdade e sustentabilidade nos âmbitos de energia, agricultura, planejamento urbano e gestão dos recursos naturais. 

(Por Sara Larraín*, Eco21, 22/09/2008) 
*Diretora da ONG Programa Chile Sustentável


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -