ArcelorMittal Tubarão investe em pesquisas para viabilizar a utilização de escória de aciaria na agricultura. Com reaproveitamento dos resíduos superior a 98%, a empresa já utiliza seus co-produtos em diversas aplicações, que geraram vendas de US$ 82 milhões em 2007.
A escória de aciaria da ArcelorMittal Tubarão já é utilizada para pavimentação rodoviária e lastro ferroviário, entre outras, como resultado da política de reaproveitamento de resíduos industriais. A empresa parte agora para um novo desafio: o licenciamento da escória de aciaria junto ao Ministério da Agricultura para utilizá-la como corretivo de acidez do solo. Esta aplicação já foi desenvolvida e já é utilizada por outras empresas em Minas Gerais.
O pedido no órgão federal tem como base duas pesquisas realizadas pela ArcelorMittal Tubarão, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), sobre a aplicação da escória de aciaria na agricultura.
A pesquisa do mencionado INCAPER começou no mês de Janeiro deste ano e deve ser concluída em finais do próximo ano, 2009, com foco na utilização da escória de aciaria em pastagens e nas plantações de cana-de-açúcar e café. Já a pesquisa da Universidade Federal de Viçosa está mais avançada.
Os primeiros testes desenvolvidos pelos professores do Departamento de Solos da Universidade avaliaram, além da eficiência da escória como corretivo do solo, os riscos de contaminação da água e das plantas. A escória foi analisada química e fisicamente e aplicada em amostras de solos ácidos dos Estados do Espírito Santo e de Minas Gerais. Também foram escolhidos dois solos com cultivo de soja e dois de cultivo de cana-de-açúcar, sob diferentes doses da escória, para avaliação da produção de matéria seca e das devidas concentrações de cálcio, manganês, ferro, cromo, magnésio e níquel, bem como outros metais pesados na parte aérea, nos grãos das plantas e no caldo de cana.
Segundo Elton Baptista Botelho, gerente de co-produtos da ArcelorMittal Tubarão, a pesquisa apontou que o uso da escória de aciaria da siderúrgica capixaba como corretivo da acidez dos solos é tecnicamente viável e não oferece riscos ambientais para a terra e para os alimentos cultivados. “A pesquisa revelou que o que era resíduo virou um produto economicamente viável. O custo da escória de aciaria como corretivo de solo é inferior ao de outros produtos, além de ser totalmente sustentável”, pontuou Elton, informando que o Espírito Santo tem potencial de mercado para a aplicação de 5 mil toneladas de escória de aciaria por mês. A ArcelorMittal Tubarão produz, anualmente, 830 mil toneladas de escória de aciaria, co-produto gerado durante o refino do aço. O metro cúbico do produto é comercializado entre R$ 1,00 e R$ 20,00, dependendo do destino final.
O reaproveitamento dos resíduos originados na produção da ArcelorMittal Tubarão é superior a 98%, bem acima da média do setor, de 80%. No ano passado, a siderúrgica quebrou novo recorde de receita com as vendas de co-produtos, registrando US$ 82 milhões, 50% a mais do que em 2006 (US$ 53 milhões). Para 2008, o faturamento estimado é de US$ 102 milhões, graças principalmente ao crescimento do setor de construção civil. A ampliação da demanda por cimento deverá ampliar a comercialização da escoria de alto-forno, atualmente o principal co-produto da siderúrgica capixaba. No total, a empresa produz 1,9 milhão de toneladas de escória de alto-forno, totalmente destinadas ao mercado nacional.
(Por Carolina Wayand, Eco21, 22/09/2008)