Com um ritmo de crescimento de 13,2% ao ano desde 2000, a produção mundial de álcool vai superar, em equivalência, a de açúcar daqui a três anos, estima o presidente da Datagro Consultoria, Plínio Nastari. A produção mundial de açúcar, que aumentou 2,8% ao ano no período, deve atingir 161,6 milhões de toneladas em 2008 e a de álcool chegará aos 75,6 bilhões de litros, que correspondem a 134 milhões de toneladas de açúcar. “Nessa taxa de crescimento, o etanol supera o açúcar em três anos”, disse Nastari.
Mesmo com o rápido crescimento, o consultor admite que “o etanol é uma gota no oceano”, comparado ao petróleo e derivados. O único país do mundo em que o álcool compete com a gasolina ainda é o Brasil, onde o consumo de etanol supera o do derivado de petróleo em volume. “Nos Estados Unidos o consumo de álcool corresponde a 6,3% e no mundo a 4,3% do volume de gasolina e a 1% do petróleo”. Para o presidente da Datagro, o grande mercado para o combustível renovável está nos Estados Unidos, onde foram adotadas rígidas metas para crescer o consumo, hoje um pouco maior que 30 bilhões de litros de etanol por ano, para 136 bilhões de litros em 2022. As metas norte-americanas limitam o uso de milho para a produção de álcool a uma produção de 57 bilhões de litros de álcool em 2022.
Somado a esse volume, o etanol de celulose, produzido basicamente a partir de restos de vegetais, como madeira, sabugo, palha, ou ainda capins, deve ter 20 bilhões de litros disponíveis daqui a 14 anos nos Estados Unidos, justamente pelo alto custo de transporte da matéria-prima disponível para as unidades de produção naquele país estimado entre US$ 20 e US$ 60 a tonelada. “Com isso, os Estados Unidos ainda teria de importar 59 bilhões de litros de etanol para atingir os 136 bilhões de litros”, apontou Nastari. O Brasil pode ser beneficiado e ampliar suas exportações para os Estados Unidos, hoje o maior destino do combustível produzido aqui a partir da cana-de-açúcar.
(Jornal Tribuna do Norte, adaptado por
Celulose Online, 22/09/2008)