Todos os dias, trânsito da capital ganha 800 novos veículos.Frota já ultrapassou a casa dos seis milhões.
O Dia Mundial Sem Carro passou quase despercebido na cidade que possui a maior frota do país. Se um dia São Paulo já foi sinônimo de terra da garoa, hoje não é exagero nenhum dizer que a cidade é a terra do carro. Um só número é argumento suficiente para essa afirmação: todos os dias as ruas e avenidas da cidade recebem nada menos do que 800 novos veículos.
A frota já ultrapassou a casa dos seis milhões. E nesta segunda-feira (22), não deu para sentir diferença. Eles estavam circulando como sempre.
No meio do congestionamento, o desabafo. “Sumir do mapa, ir embora pro interior “, diz o marceneiro Fernando de Oliveira. E por que não aderir então ao Dia mundial sem carro? “Nunca a gente tem condução para o lugar que a gente vai, tem que tomar várias. E eu carrego muita ferramenta”, justifica o técnico em telefonia Donizete da Silva.
Triste ironia. Em São Paulo, a bicicleta é opção mais de quem está sem dinheiro do que de quem se preocupa com o meio ambiente. Uma alternativa que numa cidade que não se prepara pode ser perigosa. Como flagramos nesta segunda-feira (22), em uma das mais movimentadas avenidas de São Paulo.
“Os caras estão doidos para se livrar do trânsito e terminam imprensando a gente, igual esse cara do ônibus fez agora comigo”, reclama o auxiliar de limpeza José Milton dos Santos.
Enquanto as ciclovias não vêm, com um pouco de esforço, é possível encontrar uma saída. Em um supermercado, uma página na rede interna de computadores ajuda a juntar no mesmo carro funcionários que moram perto uns dos outros: é a carona solidária. “A gente se cadastra, quem quer carona e quem se dispõe a dar carona. Nesse meio tempo, a gente encontrou esses nossos amigos’, conta uma funcionária.
Amizade que se estende aos dias de folga. “Chega o final de semana, tem aquela festinha, o churrasquinho a gente é convidado. Isso é legal.”
(
G1, 22/09/2008)