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mortandade de abelhas contaminação com agrotóxicos
2008-09-22

"Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, ao homem apenas restam quatro anos de vida. Não há abelhas, não há polinização, não há plantas, não há animais, não há homem."

A célebre frase de Einstein exemplifica bem a importância deste pequeno insecto, que costumamos associar apenas a uma picada dolorosa. Para além da produção de mel e de outros produtos apícolas, as abelhas são, na realidade, responsáveis pela polinização de milhares de espécies de flores, garantindo o sucesso de um sem--número de colheitas agrícolas essenciais para a alimentação humana.

Mas, nos últimos anos, soou um sinal de alarme: um pouco por todo o mundo, desde os Estados Unidos, Inglaterra, França, países nórdicos e até Portugal, assiste-se à extinção de várias espécies de abelhas. E não se sabe ainda muito bem porquê. "Com a poluição, a perda de biodiversidade e alguns pesticidas, diminui-se muito a carga de insectos polinizadores nos campos", explica o apicultor João Casaca.

Vários grupos de investigadores universitários e apicultores, confrontados com o fenómeno, têm vindo a alertar para o perigo que representa esta nova vaga de extinções misteriosas. O despovoamento maciço das colmeias, baptizado de colony collapse disorder (CCD), apresenta sintomas únicos e diferentes daqueles observados nas infestações frequentes pelo parasita Varroa jacobsoni (um ácaro que destrói as larvas). Neste caso, as colónias de abelhas domésticas começam a desaparecer subitamente deixando poucas ou nenhumas abelhas sobreviventes. Nunca foram encontrados os cadáveres das abelhas no interior da colmeia ou nas proximidades no exterior. Também não são encontrados predadores ou potenciais parasitas a ocupar o espaço, o que leva a pensar na presença de um produto químico ou uma toxina que desencoraja os insectos.

Qual então a resposta para este súbito desaparecimento? Pode ser culpa dos pesticidas, de um micróbio novo ou da radiação emitida pelas antenas dos telemóveis, que interferem com o sistema de navegação magnético das abelhas e as impede de voltar para as colmeias. Não se sabe ao certo. Pode até ser uma combinação de todos estes factores.

Para o Institute of Science in Society, uma organização não governamental com sede em Londres, alguns índices sugerem que cogumelos parasitas utilizados na luta biológica e certos pesticidas do grupo das neonicotinóides, interagem entre si e em sinergia e isso provoca a destruição das abelhas. E, mesmo em concentrações fracas, a utilização deste tipo de pesticidas destrói as defesas imunitárias dos insectos.

Também os produtos transgénicos podem ser uma ameaça grave. Um estudo português de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto demonstrou que morreram várias colmeias colocadas na vizinhança de campos de milho transgénicos Bt, capaz de produzir a toxina do Bacillus thruringiensis (letal para lagartas e borboletas que atacam o milho).

Esta toxina, de acordo com o estudo, não ataca directamente as abelhas, mas a sua presença nos favos desocupados provoca a morte de algumas espécies de pequenas borboletas comedoras de cera que vivem normalmente em simbiose com as abelhas, desempenhando uma função de limpeza e impedindo a proliferação de agentes patogénicos prejudiciais aos insectos. Também o consumo de pólen de milho pelas abelhas (especialmente durante o Verão, quando outras fontes de alimento estão indisponíveis), pode ser uma das razões para esta morte em série.

Em Portugal, têm vindo a ser feitos vários estudos no sentido de melhor conhecer a apis melifera iberiensis. O objectivo é "melhorá-la em termos de produção. Já lhe reconhecemos um grande valor em termos de adaptação ambiental e queremos acrescentar mais valor produtivo", diz João Casaca. Portugal produz cerca de seis mil toneladas de mel por ano.

O apicultor mantém a esperança de se encontrar, em breve, uma solução para o desaparecimento das espécies. "Se as abelhas acabarem, só acabarão apenas depois de todos os outros insectos. Iremos fazer tudo para impedir a sua extinção, porque nós, humanos, não conseguiremos sobreviver sem elas."

(Por MARIANA CORREIA DE BARROS, Sapo, 21/09/2008)


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