A Coréia do Norte anunciou na sexta-feira o religamento de seu principal reator atômico e informou que não deseja mais as concessões prometidas pelos Estados Unidos em troca do desmantelamento do programa nuclear do país. O governo norte-coreano responsabilizou a Casa Branca pela situação. O governo americano condenou a ação, afirmando que isso levará o país ao isolamento.

'Estamos realizando uma preparação completa para restaurar' as instalações nucleares, declarou ontem Hyon Hak-Bong, um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores da Coréia do Norte. 'Vocês podem dizer que já começamos a trabalhar para que elas sejam restauradas e voltem a operar como antes', disse o diplomata a jornalistas em Panmunjon, um povoado na fronteira entre as duas Coréias.

A notícia foi divulgada antes do início de uma rodada de negociações entre as Coréias do Norte e do Sul com relação à ajuda energética prometida a Pyongyang em troca do desligamento de seu principal reator atômico. Mais tarde, a chancelaria norte-coreana confirmou que a restauração do reator nuclear de Yongbyon já vem sendo executada 'há algum tempo'. A medida seria uma resposta ao fato de os EUA não terem cumprido a promessa de retirar a Coréia do Norte de uma lista de 'patrocinadores do terrorismo'. 'Agora que as verdadeiras intenções dos EUA vieram à luz, a Coréia do Norte não mais deseja ser retirada da lista de ‘Estado patrocinador de terrorismo’ nem espera que isso realmente aconteça', disse um porta-voz norte-coreano, para quem 'a situação seguirá agora o seu curso natural.'

O governo dos Estados Unidos afirmou que a Coréia do Norte precisa escolher se irá buscar uma melhor relação com o mundo ou se irá 'manter-se isolada'. O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Sean McCormack, foi questionado sobre por qual motivo a Coréia do Norte deveria negociar com a administração de George W. Bush, em fim de mandato. Segundo McCormack, é improvável que a Coréia do Norte tenha um acordo diferente em troca de seu desarmamento no próximo governo.
 
(CP, 21/09/2008)