Do lado de fora do hotel onde se reúnem integrantes do governo e da oposição da Bolívia, impedido de entrar, o secretário nacional do Movimento dos Sem-Terra da Bolívia (MST), Bladimir Machicao Gómez, reclamava mais ação do governo quanto à distribuição de terras.
“O problema de fundo de todo esse conflito no país é a questão da terra. Pensam que vão solucionar o problema do país com a redistribuição dos lucros do petróleo e gás, mas é mentira. O tema central é dar acesso à terra aos camponeses, mas isso a classe política parece não querer ver”, disse o líder camponês.
Ele alertou que, se o processo não começar até o início do próximo ano, o MST recomeçará a ocupação de terras, tática que havia interrompido com a subida ao poder de Evo e as promessas de reforma agrária. Segundo Gómez, são 250 mil pessoas filiadas ao MST, que foi criado há somente oito anos. “Já recuperamos mais de 200 mil hectares [com ocupação de terras] e devemos seguir com essas ações, diante da incapacidade do governo de acabar com o latifúndio neste país”, disse.
Segundo Gómez, não há outra solução fora da reforma agrária, embora ele reconheça que o processo será difícil. “Os latifundiários, concentrados nos comitês cívicos dos departamentos do leste, na Meia Lua boliviana, vão defender suas terras, a custa de sangue e armas. Mas o MST não vai se amedrontar. Vamos continuar nossa luta de ocupação, até acabar com os latifúndios”, declarou.
(Por Vladimir Platonow, Agência Brasil, 20/09/2008)