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impactos mudança climática furacões-tufões e tempestades
2008-09-20

Os enormes estragos causados pelos furacões Gustav, Hanna e Ike no Caribe reviveram a incerteza sobre os efeitos do aquecimento global na formação e intensidade desses fenômenos atmosféricos, um tema que divide a comunidade científica e tira o sono de populações e autoridades locais. Enquanto transcorre o debate entre especialistas em clima, organizações internacionais estudam as conseqüências econômicas e sociais das catástrofes causadas pelos ciclones na região, com o objetivo de implementar medidas que garantam a adaptação aos desastres naturais.

“Durante os próximos anos continuaremos com temporadas de furacões ativas, a não ser que ocorra durante El Nino, que na bacia atlântica reduz a atividade em um determinado ano”, disse à IPS José Rubiera, chefe do Centro Nacional de Previsões do Instituto de Meteorologia de Cuba. El Nino, a fase quente da chamada Oscilação do Sul, é um fenômeno periódico que resulta da interação entre a temperatura da superfície das águas e a atmosfera no oceano Pacífico perto do Equador, que afeta boa parte do planeta, especialmente a zona andina sul-americana. “Certamente continuaremos tendo furacões intensos, o que está em acordo com o aquecimento das águas do oceano Atlântico”, acrescentou.

A elevação da temperatura do mar favorece a formação de tempestades tropicais. Alguns especialistas consideram que o aumento da concentração de gases causadores do efeito estufa contribuiu em certa medida (uma questão ainda em discussão nos meios acadêmicos) para o aquecimento dos oceanos em 0,5 grau Celsius. Mas, não existe consenso sobre o impacto da elevação da temperatura na freqüência ou intensidade dos furacões. Os norte-americanos Judith Curry e Ferry Emmanuel publicaram em 2005 seguidos estudos indicando que a intensidade dos ciclones tropicais no mundo cresceu desde 1970, juntamente com o aquecimento nos mares do planeta. Entretanto, o número se mantém em torno de 90.

“Na área do Atlântico se observou um aumento na freqüência desde 1995, que está relacionado com os ciclos de 25 a 30 anos de atividade ciclonica, tal como ocorreu em outros períodos durante os séculos XIX e XX”, disse Rubiera. “Em outras partes do mundo não ocorreu aumento na freqüência”, acrescentouk. “Algo muito diferente acontece se falarmos de intensidade, pois parece estar havendo mais furacões intensos categorias 3, 4 e 5”, que é o nível máximo na escala Saffir-Simpson, disse o especialista.

Entre 1952 e 2000, Cuba foi açoitada apenas por um furacão próximo da categoria 3, o Flora, em 1963, que deixou mais de mil vítimas na região oriental. Entre 2000 e 2008, seis ciclones de grande intensidade atingiram este país do Caribe, o último deles, Ike, praticamente atravessou o território de leste a oeste. A escala Saffir-Simpson classifica os furacões segundo a velocidade do vento sustentada, que vai de 119 quilômetros por hora até mais de 250 km/h. Além das fortes rajadas, a seqüência de ondas e a elevação do nível do mar, as chuvas e os tornados são os principais elementos destrutivos destes organismos meteorológicos.

“É interessante destacar que, com esta escala é quadrática, um furacão categoria 2 não é duas vezes mais destruidor do que o de categoria 1, mas quatro vezes. Ao mesmo tempo, um de categoria três não é três mais destruidor do que o de categoria um, mas nove vezes”, explicou Rubiera em um artigo publicado na revista Enfoques, do escritório da IPS em Cuba. A região caribenha sentiu nos últimos anos com especial rigor esse poder demolidor dos ciclones. Em 2004, Granada, uma pequena ilha do Caribe de língua inglesa com cerca de 80 mil habitantes, sofreu prejuízos avaliados em US$ 889 milhões, mais do que o dobro de seu produto interno bruto de 2003, por causa do furacão Ivã.

Por sua vez, Gustav e Ike deixaram este mês perdas em Cuba estimadas em cerca de US$ 5 bilhões, o que compreende a destruição de mais de 63 mil casas e devastação de aproximadamente cem mil hectares de cultivos, em um país com sério déficit habitacional e agricultura incapaz de alimentar seus 11,2 milhões de habitantes. Segundo a informação oficial sobre os danos, publicada pelo jornal oficial Granma, a ação desses dois fenômenos foram “a mais devastadora na história destes fenômenos meteorológicos em Cuba com relação à magnitude dos prejuízos materiais ocorridos”.

A situação é pior no Haiti, assolado também pelo Hanna, onde o número de vítimas fatais passa de 300 e calcula-se em um milhão as afetadas. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), essa empobrecida nação caribenha necessita com urgência de pelo menos US$ 108 milhões em ajuda. “O certo é que está havendo um efeito acumulativo, onde novos fenômenos impactam sobre áreas que ainda não conseguiram ter uma devida recuperação”, alerta o informe intitulado “A mudança climática na América Latina e no Caribe”, publicado em 2006 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Outro documento da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (cepal), de agosto de 2006, chama para a adoção simultânea de medidas de mitigação e adaptação aos desastres naturais, diante dos sombrios prognósticos climáticos para os próximos anos. “Temos de balancear entre a urgência de restabelecer albergues e tetos, para uma população vulnerável, e a reconstrução com casas estáveis e tetos que suportem furacões futuros”, disse à IPS Susan McDade, coordenadora residente da Organização das Nações Unidas em Cuba. “O desafio é construir com melhor qualidade e não apenas substituir casas que continuem sendo vulneráveis a fenômenos naturais, e isso exigirá uma coordenação entre toda a comunidade internacional e trabalho com as autoridades cubanas”, afirmou a funcionaria da ONU.

(Por Patrícia Grogg, Envolverde, IPS, 18/09/2008)


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