As normas que na Índia regem a economia de energia nos edifícios não são de cumprimento obrigatório, mas nesta área o país é muito mais “verde” do que muitas nações ricas. “Em termos de ritmo e velocidade estamos significativamente adiantados”, disse Chandrasekhar Hariharan, diretor-gerente da empresa Conservação da Biodiversidade (BCIL), com sede em Bangalore, a maior construtora indiana de residências ambientalmente amigáveis. Um “edifício verde” está projetado para ser o mais eficiente possível nesse aspecto, bem como em seu consumo de recursos como água e materiais de construção e na destinação do lixo. Outra intenção é que seja viável tanto para o cliente quanto para o construtor em termos financeiros, estéticos e de funcionalidade.
A modesta superfície de 2.300 metros quadrados ocupada por este tipo de construção em 2003 cresceu para 2,3 milhões de m² em quatro anos e se projeta um aumento anual de 93 mil m² até 2010. Foi o que afirmou S. Raghupathy, diretor do Conselho de Edifícios Verdes da Índia (IGBC), organização criada em 2000 que reúne empresas, agências governamentais e instituições da sociedade civil. Uma das razoes que explicam sua rápida expansão é o sustentado crescimento da economia indiana e seu caráter de potência econômica emergente, o que alimenta a demanda de construções comerciais, residenciais e de infra-estrutura.
Embora o consumo por habitante seja muito menor na Índia do que nas economias ocidentais, o setor da construção e os edifícios passaram da utilização de 14% da energia gerada nos anos 70 para quase 30% atualmente. Os edifícios nos países ricos consomem cerca de 40% da energia gerada e são uma grande fonte de emissão de gases contaminantes, disse Mili Majumdar, diretora-associada de ciências de edifícios sustentáveis no Instituto de Recursos Energéticos (Teri). A maioria dos edifícios indianos copia os padrões ocidentais de uso intensivo de energia, por isso a eficiência é vital, devido ao rápido crescimento econômico, acrescentou.
A área comercial e residencial construída em 2004/2005 somou cerca de 40,8 milhões de metros quadrados, cerca de 1% do total anual médio em todo o mundo. A demanda e a escassez de oferta se mantêm. Segundo o Banco Nacional da Habitação, a Índia apresenta déficit de 8,9 milhões de moradias nas cidades. Em Bangalore, a premiada área residencial do BCIL, T-Zed (representação em inglês de “para o desenvolvimento de energia zero”), trata e recicla a água da chuva armazenada. Também utiliza calefação e iluminação solar e um sistema de ar-condicionado sem compressor que mantém as casas livres de pó e refrigeradas.
“Inclusive bebemos a água que sai dos encanamentos”, disse Taranjit Nair, uma moradora do complexo, mãe de dois filhos. Isto é um luxo na Índia, devido à pobre qualidade do fornecimento. Em Nova Délhi. O Teri ajuda o governo em seu esforços para estabelecer regulamentações na área da construção de moradias “verdes”. Seu edifico emblemático, o Centro de Habitat Indiano, representa uma ilha de espaços verdes e ventilados. Seu centro de treinamento em Gurgaon, a cerca de 50 quilômetros da capital, empregas numerosas técnicas para reduzir a demanda de energia com fins de refrigeração, calefação e iluminação.
Os padrões para edifícios “verdes” do IGBC se baseiam nos dos norte-americanos Liderança em Energia e Projeto Ambiental (LEED), que qualifica as construções por seu manejo de energia, disposição do lixo e qualidade do ar em interiores. Raghupathy rejeita o argumento de que as pautas do LEED não são aplicáveis na Índia por se basearem em conceitos com o uso de ar-condicionado, que são ocidentais. “Os princípios dos edifícios verdes são universais e a LEED está evoluindo constantemente”, afirmou. “A economia de energia e água atraem mais construtores comerciais ao IGBC”, acrescentou.
(Por Keya Acharya, Envolverde, IPS, 18/09/2008)