Um equipamento utilizado hoje em nove estados do Brasil já minimiza um passivo ambiental significativo: os resíduos gerados por lâmpadas fluorescentes, entre os quais o mercúrio, de impacto altamente prejudicial ao meio ambiente. É o Papa-Lâmpadas, máquina importada dos Estados Unidos pela empresa Naturalis Brasil que, por intermédio de suas concessionárias, hoje oferece esse trabalho. Só uma das duas atuantes no Paraná coleta mensalmente cerca de 20 mil lâmpadas.
O equipamento, montado sobre um tambor metálico, filtra o vapor de mercúrio e separa os demais componentes, recicláveis. As concessionárias os levam para seus respectivos depósitos e, quando a carga ganha volume, os enviam para a sede da Naturalis, na cidade de Itupeva (SP), a partir de onde tudo segue para a reciclagem.
“Com isso, conseguimos reaproveitar 99% de cada lâmpada”, disse a AmbienteBrasil Júnior Muniz Dias, diretor geral da concessionária paranaense em Arapongas. Segundo ele, hoje a empresa faz coletas em quase todas as cidades do Paraná e também no interior de São Paulo.
O 1% que resta para reciclar é o baquelite, o item no qual são afixados os dois pinos da lâmpada. Mas isso é uma questão de tempo. “A intenção é pesquisar para ver no que se poderia reutilizá-lo também”, antecipa Júnior.
Outro estudo importante em curso diz respeito ao mercúrio. Até agora, seu vapor fica adsorvido em carvão ativado, presente nos filtros da máquina. Posteriormente, esse carvão é destilado e o mercúrio volta ao estado metálico. “Estamos pesquisando como ele poderá ser utilizado de novo na fabricação de lâmpadas e termômetros”, diz Júnior Muniz Dias.
Para ganhar escala, o negócio lança mão de fundamentais parcerias com empresas que, nas várias cidades, não só destinam suas lâmpadas corretamente, mas também tornam-se pontos de recolhimento delas junto aos consumidores. Mesmo assim, a transação ainda não é lucrativa. “Nossa esperança é que, daqui a um ou dois anos, a conscientização seja bem maior, para a gente começar a ter lucro”, coloca Júnior. Os clientes pagam por lâmpada trabalhada.
Na cidade de Londrina, no norte do Paraná, uma parceira de peso é a regional local da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que recebe as lâmpadas das empresas de lazer e hoteleiras. Recentemente, mais uma delas agregou-se à proposta: o Aguativa Golf Resort. A providência é sensata sobretudo pela dimensão do empreendimento. São 170 acomodações, entre apartamentos e chalés, capazes de receber até 750 pessoas – muitas lâmpadas usadas, portanto.
(Por Mônica Pinto, AmbienteBrasil, 19/09/2008)