No Maranhão, o extrativismo é uma atividade de fundamental importância para geração de renda e sobrevivência de diversas famílias nas áreas rurais. Como principais produtos, temos o babaçu, com a extração da amêndoa e óleo, e as fruteiras nativas. Dentre essas fruteiras destacamos o açaí, com tradicionais festas e participação na culinária maranhense, o bacuri, o sapoti, o pequi, o abricó entre outras.
O bacurizeiro está disperso em todas as regiões do Maranhão onde desempenha funções ligadas a alimentação humana na composição de sucos, polpas e doces, na construção civil com uma madeira apreciada e na manutenção de uma biodiversidade, pois são fontes de alimentação de diversas espécies de animais e polinizadores naturais.
Na época da colheita, as comunidades rurais costumam se mudar de lugar, pois os moradores se instalam nas áreas de bacurizal para garantir essa extração devido o fruto ser colhido apenas após a queda natural na planta. Como essa queda ocorre o dia todo, as famílias se locomovem para as áreas e lá fixam estadia até terminar o período da colheita. Em áreas com grande quantidade de plantas produtivas por hectare se costuma colher cerca de 16.000 frutos por família. Essa renda gerada será utilizada no âmbito social da família e das comunidades. Nessa época a renda gerada é muito maior do que a obtida nas roças de mandioca, feijão e arroz que requerem muito mais manejo e cuidados.
Assim a manutenção de uma floresta gera renda e garante a sobrevivência de todos os elementos agregados a ela. Porém, o que se verifica hoje é a sua substituição por fazendas de gado, por monoculturas, e por carvoarias, para a produção de carvão vegetal por empresas terceirizadas de indústrias de ferro-gusa, refletindo-se em desmatamentos, queimadas e destruição. Observa-se os animais sem abrigo, famílias rurais sem áreas para produzir, aumento do êxodo rural e diminuição da biodiversidade local.
Algo tem que ser feito para essa situação mudar ou, pelo menos, amenizar!
Em Chapadinha foi criada a Reserva Extrativista Chapada Limpa como refúgio e manutenção das florestas de bacurizeiro dentro do Estado. Também aconteceu o Seminário "Bacuri: Do alto das Chapadas ao comércio nas cidades", entre os dias 28 e 29 de agosto de 2008, nessa cidade, com a participação de entidades nacionais, estaduais e municipais ligadas a essa fruteira, como Fórum Carajás, SMDH, Fórum em Defesa do Baixo Parnaíba, Secretaria de Agricultura do Estado do Maranhão, Embrapa, UFMA, Fapema, Ibama, Banco do Nordeste, Sebrae, Secretaria de Agricultura de Chapadinha, STTR de Chapadinha e representantes das associações da reserva extrativista da Chapada Limpa, para discutir alternativas com vistas à garantia de sua conservação. Além disso, projetos estão sendo elaborados e aprovados pelas entidades governamentais e não governamentais que atuam nessa área para melhorar o seu extrativismo e a situação das comunidades rurais.
Além de Chapadinha, nos outros municípios, com maior abrangência da espécie, necessita-se que inovações tecnológicas sejam realizadas para a manutenção dos bacurizais e da sustentabilidade das comunidades rurais. Requer-se também a união por parte das entidades e da sociedade civil na busca de objetivos comuns para a manutenção dos bacurizais dentro do Estado do Maranhão.
(Por Georgiana Eurides Viana de Carvalho,
Adital, 18/09/2008)
* Bolsista Pesquisadora da Embrapa/Fapema. Colaboradora do Fórum Carajás