No canto direito, vestidos de preto, quem era contra a proposta. No canto esquerdo, segurando faixas, quem era a favor. Não era luta de boxe, mas dava para dizer que cada um ficou no seu lado do ringue.
Sem qualquer ataque entre as representações, o polêmico projeto do Pontal do Estaleiro Só, empreendimento que pretende urbanizar a área desativada da antiga empresa na orla do Guaíba, reuniu dezenas de pessoas pró e contra a iniciativa ontem no plenário da Câmara de Vereadores.
Era para ser uma manifestação silenciosa por parte das entidades que refutam a proposta, mas a presença de pessoas a favor do projeto gerou um burburinho de idéias sobre o tema. Os parlamentares chegaram a pedir silêncio para os manifestantes.
O projeto que trata das mudanças na legislação municipal para que o empreendimento possa ser executado não estava na pauta de discussões dos vereadores. Mesmo assim, os grupos contrários à construção, ligados ao Fórum das Entidades da Capital, foram à Câmara para pressionar os vereadores a só votarem o texto após a revisão do Plano Diretor, em 2009.
No plenário, alguns vereadores vestiram a camiseta e fizeram discursos contra e a favor do tema.
– Isso é democracia? O poder econômico e político decidir o que quer, e nós ficarmos à margem – disse Celso Marques, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural.
Do outro lado do plenário, Rodrigo Marques, integrante do Movimento em Prol do Desenvolvimento Sustentável da Capital, elogiava o projeto.
– Só quem não conhece e usa de demagogia para ser contra – defendia.
Rui Carlos Pizzato, diretor da BM Par Empreendimentos, empresa dona da área, aponta que somente 23% da área total do terreno terá construções, e que o restante será de livre acesso à população.
(Zero Hora, 18/09/2008)