Em várias partes do continente latino-americano, o terceiro sábado do mês de setembro é marcado por atividades e eventos que buscam alertar para a questão ambiental provocada pela produção contínua de lixo no planeta.
No Rio Grande do Sul, sob a coordenação da seção gaúcha da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-RS), várias entidades estão programando uma Semana de Limpeza e Cidadania. A idéia é que cada um de nós, consumidores, pare um minuto para pensar se a quantidade do que estamos comprando – sejam alimentos, roupas ou supérfluos – é realmente necessária para o nosso bem-estar e felicidade. Mas a reflexão deve se estender também para uma análise sobre a maneira como lidamos com o lixo em nossas casas, no trabalho, na escola, nas praças e avenidas de modo a tornar realidade a máxima que diz que a cidade mais limpa não é aquela que mais se varre, mas a que menos se suja.
As 90 mil toneladas de resíduos que as cidades brasileiras produzem representam em média 500 gramas de lixo gerado por habitante/dia. No caso de Porto Alegre são mais de 500 toneladas para serem recolhidas e dispostas em aterros já quase esgotados. Com o agravante de que parte substancial desse montante é lançada irresponsavelmente nos arroios e nos formadores da bacia do Guaíba.
Só para se ter uma idéia do que isto representa, basta lembrar que se todas as latas de aço consumidas atualmente fossem recicladas, seria possível evitar a retirada de 900 mil toneladas/ano de minério de ferro. Além disso, deixariam de ser ocupados 8,6 milhões de metros cúbicos em aterros sanitários todos os anos e haveria uma economia de 240 milhões de kwh de energia elétrica – equivalente ao consumo de quatro bilhões de lâmpadas de 60 watts.
Cerca de 40% do que compramos se transforma em resíduos. São embalagens que, quase sempre, não servem para nada, e vão direto para o lixo, aumentando os restos “imortais” no planeta. Às vezes, um produto um pouco mais caro tem uma embalagem aproveitável para outros fins.
Pense no resíduo que vai ser gerado antes de comprar. Reciclar significa, também, modificar os hábitos e o modo de vida, buscar uma melhor sintonia com o mundo que nos cerca e acolhe.
E, aproveitando que o Estado comemora a Semana Farroupilha, é hora de buscar inspiração nos hábitos dos antigos gaúchos de respeito à natureza e aos rios.
(Por Cecy Oliveira, Zero Hora, 18/09/2008)