Nova plataforma gigante com investimentos de US 17 bi será toda montada no sul gaúcho
Uma nova cadeia de indústrias chega ao sul do Estado a reboque de cascos, plataformas e outras peças ligadas à indústria naval que venham a ser construídas em Rio Grande. A P-55, primeira plataforma petrolífera 100% construída em território nacional, exigirá a instalação de novas empresas fornecedoras. Para atendê-las, será preciso mais mão-de-obra, transporte, alimentação e comércio. Ou seja, os próximos anos serão de crescimento intenso no município.
O perfil socioeconômico da cidade está prestes a sofrer uma drástica mudança. São oportunidades para até 2,5 mil empresas de setores como o metalmecânico e de navipeças. Para o geógrafo Marcelo Domingues, especializado em pesquisas em planejamento territorial junto à Universidade Federal do Rio Grande (Furg), os próximos anos serão de superpopulação.
– Ainda é difícil vislumbrar o que vem pela frente, mas, com os enormes efeitos de arrasto que se anunciam, a cidade deve dobrar de tamanho em poucos anos – afirma Domingues.
Com o fim das obras da P-53, as atenções se voltam agora para a nova gigante. A P-55 terá investimentos de US$ 1,7 bilhão. Diferentemente da antecessora, cujo casco veio de Cingapura, a nova plataforma terá toda a montagem feita no sul gaúcho, com peças vindas do Rio e de Pernambuco. No Dique Seco, serão construídos módulos de compressão de gás da P-55, de redução de sulfato, de alojamento e de painéis elétricos.
Completam o projeto outros dois módulos, vindos do Rio de Janeiro. As peças do casco foram produzidas em Pernambuco e serão montadas no dique. O início da montagem do casco está previsto para o segundo semestre de 2009.
A P-55 deverá ser concluída em 31 meses, a partir da data de assinatura dos contratos, e começar a operar no segundo semestre de 2011. O orçamento total, incluindo poços, perfuração e sistema de escoamento, será de US$ 4,5 bilhões. Os contratos com as empresas vencedoras das licitações para a construção dos dois primeiros módulos devem acontecer nos próximos dias.
Quase 3,6 mil empregos diretos serão gerados pela P-55. O gerente de empreendimento da plataforma, Francisco Carlos Ramos, explicou que 80% dos trabalhadores devem vir do quadro local de profissionais.
– Tem gente que não morava na cidade, mas com a P-53 já fixou residência e será beneficiada – observa Ramos.
(Por Fernando Halal, Zero Hora, 18/09/2008)