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Protocolo de Montreal camada de ozônio
2008-09-18

Em tempos de crise econômica, costuma-se considerar que proteger o meio ambiente é um luxo. Se essa situação tivesse predominado há 20 anos na comunidade internacional, o câncer de pele teria disparado e a mudança climática seria pior do que é. “Esquecemos que as coisas poderiam ter sido muito piores” sem o Protocolo de Montreal, tratado que restringe a produção e o uso de substancias que prejudicam a camada de ozônio, disse ontem o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon. E as coisas já estão bastante ruins.

Um enorme buraco na camada de ozônio, de 27 milhões de quilômetros quadrados, aparece a cada ano sobre a Antártida, segundo a medição da Administração Nacional de Aeronáutica e do Espaço (Nasa) dos Estados Unidos no último dia 13. Este é o “25º aniversario” do buraco que provavelmente tem mais 50 ou 60 anos de existência. Por isso o dia 16 de setembro é o Dia Mundial do Ozônio. A cada ano se diagnostica mais de um milhão de novos casos de câncer de pele e mais de 10 mil pessoas morrerão por essa doença apenas nos Estados Unidos, 90% mais do que nos anos 60.

Embora em 1987 a evidência científica não fosse especialmente forte, 24 nações lideradas por Argentina, Canadá e Estados Unidos, adotaram um enfoque preventivo e assinaram o Protocolo de Montreal, que entrou em vigor em janeiro de 1989. A implementação do tratado impediu uma destruição maior da camada de ozônio e manteve o equivalente a dezenas de milhares de milhões de toneladas de dióxido de carbono fora da atmosfera. Anos depois da assinatura do Protocolo, cientistas constataram que quase todos os produtos químicos que destroem a camada de ozônio eliminados paulatinamente provocavam o efeito estufa. Alguns têm um potencial de causar o aquecimento global milhares de vezes mais do que o dióxido de carbono, considerando-se a molécula.

“Sem o Protocolo de Montreal, a camada de ozônio seria destruída até 2050”, disse à IPS Paul A. Newman, físico atmosférico do Centro Goddard de Vôos Espaciais da Nasa e co-presidente do Painel de Avaliação Cientifica do Protocolo de Montreal. “O máximo de radiação ultravioleta em Washington seria de 30, quando o valor máximo hoje chega a 10”, calculou Newman. Sem as previsões do Protocolo, “uma exposição de menos de três minutos ao só do Havaí resultaria em queimaduras” e haveria 650% mais de câncer de pele, acrescentou, baseado em modelos informatizados.

Vegetais, animais e, em geral, todas as espécies vivas teriam sofrido as conseqüências da intensa radiação ultravioleta. Muitas não conseguiriam sobreviver. “Se não tivéssemos feito nada, teríamos transformado nosso mundo”, enfatizou Newman. Embora a camada de ozônio ainda esteja em mau estado, a emissão total de produtos químicos que a afetam diminuiu lentamente desde 1998. Isto se deve, em boa parte, à substituição de gases refrigerantes clorofluorcarbonos (CFC), prejudiciais para o ozônio pelos muito menos prejudiciais hidroclorofluorcarbonos (HCFC) e os hidrofluorcarbonos (HFC).

Os HCFC também destroem o ozônio, mas em uma proporção de aproximadamente 5% em relação ao CFC. Mas, são um poderoso gás causador do efeito estufa. Os HFC não prejudicam o ozônio em absoluto, mas também são fortes gases que causam o efeito estufa. No ano passado, na 19ª reunião das partes do Protocolo de Montreal – agora ratificado pro 191 países – acordou-se acelerar a eliminação dos HCFC, de 2040 para 2030. Reduzir em 10 anos o prazo pode manter fora da atmosfera o equivalente a 16 bilhões de toneladas de dióxido de carbono em 25 anos. Os Estados Unidos emitem hoje cerca de 7,5 bilhões de toneladas por ano.

Outros milhares de milhões poderiam ser evitados com uma eliminação mais precoce, disse à IPS o especialista János Maté, do Greenpeace Internacional. Mas a emissão de HFC vai piorar muito o aquecimento global. “Muitos gases refrigerantes alternativos são seguros para o ozônio, como o dióxido de carbono e os hidrocarbonos”, afirmou Maté. Hidrocarbonos como o propano e o isobutano são, de longe, os mais eficientes na hora de refrigerar, e usam menor quantidade de energia. Os aparelhos que os empregam são amplamente utilizados, mas não na América do Norte.

Mais de 30 milhões de gases refrigerantes “verdes” estão em uso na Europa, China e no Japão – 40% das existências mundiais – mas Estados Unidos e Canadá os proibiram por pressão de poderosos fabricantes norte-americanos de produtos químicos, disse Maté. Em média, 20% do refrigerante HFC-134a são filtrados pelos sistemas de ar-condicionado dos veículos a cada ano, por isso é preciso encontrar alternativas como os hidrocarbonos, proibidos na América do Norte.

Embora as companhias norte-americanas que fabricam químicos trabalhem em um novo produto amigável com o ozônio, os fabricantes alemães de automóveis que enfrentam a dura legislação européia desenvolveram um novo gás refrigerante com o dióxido de carbono que poderá substituir o HFC a partir de 2011. “Muitos dos obstáculos para novos produtos amigáveis com o clima e a camada de ozônio são colocados por razões comerciais”, disse Maté.

Os interesses comerciais, especialmente em tempo de crise econômica, não deveriam impedir que os governos tomem medidas em matéria de mudança climática nas negociações previstas para o próximo ano, afirmou Ban Ki-moon em uma declaração escrita. No final de 2009, representantes dos quase 200 países integrantes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática se reunirão em Copenhague para fixar novos objetivos, mais ambiciosos, sobre redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. Alcançar um acordo efetivo será difícil, mas, também é provável que ajude a enfrentar a contaminação aérea urbana, o desmatamento, a perda de biodiversidade e outros perigos, disse o secretário-geral da ONU.

O Protocolo de Montreal é um exemplo de “aço multilateral decisiva sobre ameaças e desafios ambientais que pode gerar amplos benefícios sanitários, sociais e econômicos”, afirmou Ban. “Neste dia internacional, vamos nos comprometer a aproveitar mais dessas oportunidades multifacetárias e fazer o máximo para criar hoje a economia verde de amanha”, concluiu.

(Por Stephen Leahy, IPS, Envolverde, 17/09/2008)


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