O governo de Cuba começou nesta quarta-feira a receber pedidos de cidadãos que queiram cultivar alimentos nas terras do governo. A decisão de ceder as terras, que estão improdutivas, foi tomada pelo presidente Raúl Castro depois que os furacões Ike e Gustav devastaram mais de 800 mil hectares de plantações nas fazendas de Cuba.
Na tarde de hoje, em frente ao Ministério da Agricultura, milhares de pessoas fizeram fila para conseguir uma licença que autoriza o uso de 13 hectares de terra por um período de dez anos. Para fazendeiros que já produzem alimentos, a licença concede um terreno de 40 hectares por 25 anos. Entrevistado pela agência Associated Press, o funcionário responsável pelo controle de terras, Gilberto Zayas, disse que a maioria dos requerentes pode conseguir os terrenos ociosos.
"É óbvio que vamos pegar aqueles que têm mais experiência. O que país precisa primeiro é de disposição, mas também de know-how", disse à agência. Para os novos agricultores, serão fornecidas sementes, fertilizantes, foice e ferramentas para irrigação, mas quase tudo que produzirem será vendido de volta para o governo, informou o funcionário. Nos casos de quem planta apenas para a própria subsistência da família, Zayas ressaltou que, tipicamente, 80% é excedente e também vai para o governo.
De acordo com dados do próprio governo, 55% das terras aráveis de Cuba estavam subaproveitadas no ano passado. Nas fazendas estatais, somente 29% das terras eram produtivas. Este ano, Cuba importará R$ 4,7 bilhões de reais em alimentos, R$ 2 bilhões a mais que em 2007. Os estragos causados pelos furacões Ike e Gustav causaram um prejuízo de no mínimo R$ 9 bilhões à infra-estrutura, agricultura, serviços públicos e habitação no país.
(Folha Online, com France Presse e Associated Press, 17/09/2008)