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amianto
2008-09-18

Relatório condena médicos indianos por ignorância e acordos secretos no escândalo nacional do amianto

Um relatório a ser publicado no próximo dia 25 destaca a falência em andamento na comunidade médica da Índia em prover cuidados adequados para milhares de pessoas prejudicadas pelo amianto no país. Entre os 18 autores do relatório estão alguns médicos que têm a declarar o seguinte para a seus colegas:

- Dr. Sanjay Chaturvedi: acusa os líderes das áreas de medicina ocupacional e respiratória da Índia de fazerem acordos secretos com a indústria do amianto a fim de suprimir documentos contendo evidências experimentais da relação do amianto com o câncer (p.21).

- Dr. Sudhakar R. Kamat: critica os médicos por sua ignorância sobre as doenças relacionadas ao amiando e por sucumbirem à pressão da indústria em subdiagnosticarem enfermidades relacionadas ao amianto, como tuberculose ou bronquite (p.55).

- Dr. V. Murlidhar: culpa a falta de perícia médica na área de doenças ocupacionais e diz que "mesmo no primeiro ranking da medicina radiológica, a falta de expertise para diagnosticar a asbestose sem ambigüidade pode ser compelida a certificar um raio-X como normal quando não o é." Ele está surpreso com a falta de transparência. "Quando um estudo é realizado para um grupo de trabalhadores, os resultados não são disponibilizados para ninguém mais a não ser para o grupo seleto de poucos que conduziram o estudo e, assim, não é aberto para escrutínio público " (p.57).

Ridicularizando o cuidado médico que as emrpesas do amianto dispensam a seus trabalhadores, o Dr. Rakhal Gaitone escreve: "Embora rasios-X de tórax e exames médicos sejam realizados todo ano ano, eles (trabalhadores) nunca foram informados sobre o significado desses procedimentos ou lhes foi dado o resultado" (p. 62).

Charge
Uma charge retratando o cuidado médico com trabalhadores do amianto (p.45|) mostra um médico em uma roupa de mágico com uma vara de condão. Raios-X largados no chão ignoram uma pilha de corpos ao fundo.

A ignorância, a passividade e o desinteresse da ampla maioria dos médicos indianos é a maior contribuição para esconder a epidemia que está ceifando milhares de vidas, de acordo com o documento. "A bomba-relógio do amianto na Índia", a ser publicado em 25 de setembro de 2008.

6 milhões de toneladas
A pesquisa referendada para este relatório estabelece que o uso total do amianto na Índia, desde 1980, excedeu 6 milhões de toneladas, batendo a quantidade utilizada no Reino Unido em toda a história de sua indústria. A Índia é, de longe, o maior importador de amianto do mundo.

"O Reino Unido está hoje no comando do maior desastre industrial epidêmico jamais visto, com entre 5 mil e 10 mil pessoas estimadas a morrer de câncer decorrente do amianto a cada ano", diz o editor do relatório Laurie Kazan-Allen. "A Índia, com uma regulação inefetiva sobre o uso do amianto, está no limite de uma epidemia maior e mais devastadora. Como pode levar 30 anos ou mais para os casos de câncer do amianto emergirem, a Índia enfrenta uma inevitável e aguda escalada nos casos de câncer nas próximas três décadas. Ninguém está seguro!"

As importações anuais de amianto da Índia hoje excedem a um quarto de milhão de toneladas, e têm aumentado rapidamente ao longo das últimas décadas. “Estimamos que o câncer do amianto já tiraram centenas de vidas a cada ano na Índia, mas isto certamente excederá 10 mil casos por ano até 2040", diz Kazan-Allen. "Isto causará uma incrível rupture nas estruturas familiares, nas comunidades e no sistema médico da Índia”.

Bloqueio
A Índia, trabalhando proximamente com partes interessadas no amianto em nível global, tem sido instrumental em bloquear a mobilização das Nações Unidas para impor a abertura de informações sobre saúde e sobre as exportações de amianto crisotila. No momento em que a ONU está próxima de considerar a aplicação global das regras do direito de saber a respeito da crisotila no encontro da Convenção de Roterdã em Roma, no mês de outubro, é provável que ambas as nações irão novamente se mobilizar para vetar qualquer esforço de requerer que os exportadores advirtam sobre os riscos representados pelo uso de amianto crisotila.

"Há um nível de ignorância inimaginável e inescrupuloso sobre os perigos do amianto na Índia, uma situação que é uma grande benesse para as companhias indianas de amianto que estão se beneficiando de altos níveis de crescimento econômico," diz IBAS's Laurie Kazan-Allen. "O governo é um conspirador declarado neste estado de negócios, com conseqüências devastadoras para a saúde de seus cidadãos. Mas políticos e distribuidores do amianto deveriam prestar atenção – seu objetivo é ver a indústria mais branca e morrer, e seus defensores enfrentam a côrte para sabidamente, e em nome do lucro empurrarem o pior assassino industrial que já existiu no mundo.”

Notas dos editores
1. O relatório “A bomba-relógio do amianto na Índia” poderá ser acessado após 25 de setembro no site da IBAS

2. A Índia é o maior importador de amianto crisotila, seguido pela China, Tailândia e Ucrânia – os únicos países que importam mais de 100 mil toneladas. A Índia é o segundo maior consumidor de amianto na Ásia.

3. A Índia não opera um registro nacional sobre câncer ou registros de histórico ocupacional com dados médicos, assim o câncer epidêmico não é oficialmente rastreado ou registrado. Não há estatísticas oficiais.

4. A Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas de Roterdã [1] ocorrerá em Roma, de 27 a 31 de outubro de 2008. A Índia e o Canadá têm sido instrumentos em assegurar o fracasso de encontros anteriores no sentido de permitir o direito de saber no controle do amianto.

Contatos
- Laurie Kazan-Allen, IBAS, tel: 0208 958 3887, email: laurie@lkaz.demon.co.uk

- Rory O'Neill, Hazards, tel: 01535 210462, mobile: 07813 779501.[2]

- Site da Convenção de Roterdã

(Texto recebido por E-mail, tradução Cláudia Viegas, 18/09/2008)


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