Apesar dos medos de que a instabilidade na Bolívia viesse a prejudicar o consumo de gás natural no Rio Grande do Sul, as empresas do setor não sentiram alterações no mercado. "Esperávamos ter algum impacto devido aos problemas bolivianos, mas não tivemos nenhum", afirma Leandro Pacheco Sodré, presidente da Associação dos Instaladores de Equipamentos de GNV do Rio Grande do Sul (Ascongás-RS). Segundo ele, mesmo com a elevação do preço do metro cúbico, ocorrida em julho, o ritmo de instalações de equipamentos de GNV em veículos vêm se mantendo estável. "Nos últimos 120 dias temos mantido uma média de 400 conversões por mês", diz Sodré.
De acordo com Arthur Lorentz, presidente da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), a alteração dos preços, que foram de 7,8% para os setores industrial, veicular e comercial e 5% para clientes atendidos com gás natural comprimido (GNC), não reduziu a competitividade do produto por que os outros combustíveis também sofreram aumentos. "Se compararmos com outros materiais energéticos o gás ainda é mais barato para o consumidor, por que proporciona maior economia", afirma Lorentz.
As empresas fornecedoras ainda apostam no produto. A Distribuidora Charrua, que recentemente inaugurou uma Estação de Compressão de GNV em Esteio, também está investindo no aumento da distribuição do gás. No início de setembro, a companhia abriu um novo posto de venda de GNV em Pantano Grande, e nas próximas semanas deverá se instalar também em Pelotas, Sapiranga e Tainhas (Cambará do Sul). "Quando iniciamos em 2005 oferecíamos 30 mil metros cúbicos por mês. Hoje já chegamos a 150 mil", diz o diretor-presidente da empresa, Elvídio Elvino Eckert. Segundo ele, a principal vantagem do GNV em relação aos outros combustíveis é sua economia. "Se com um litro de gasolina um determinado veículo roda 10 quilômetros, com o álcool ele pode fazer oito, e com o gás ele pode fazer 13,5 quilômetros. Por isso ainda achamos que o GNV é o combustível do futuro", afirma Eckert
No entanto, nem todos acreditam que o gás ainda seja um bom negócio. De acordo com Luiz Nozari, presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintaxi), o combustível já não é mais tão competitivo para os profissionais do transporte. "Quando o preço do metro cúbico estava em R$ 0,79 era economicamente interessante investir no gás. Mas hoje, com o valor chegando a R$ 1,85, quase o mesmo do que o álcool, as margens de lucros já não são atraentes", afirma.
(Jornal do Comércio, 17/09/2008)