A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) realiza uma campanha a favor da preservação da orla do Guaíba e contra o projeto na área do Estaleiro Só, chamado Pontal do Estaleiro, na zona Sul da Capital. Hoje, às 14h, entidades ecológicas e representantes dos movimentos dos bairros da Capital farão manifestação na Câmara de Vereadores. A idéia é protestar contra o projeto que permite o uso misto da área, com a construção de prédios comerciais e residenciais. A proposta, que deverá ser analisada pelos vereadores em outubro, divide opiniões entre ambientalistas e empreendedores.

A Agapan alerta para os prejuízos, como os impactos ambientais e urbanísticos, se o complexo de prédios for construído. A presidente da entidade, Edi Fonseca, aposta no apoio da sociedade para impedir que as mudanças na orla sejam aprovadas na Câmara. 'É uma área de lazer e não serve à construção de edificações. O acesso ao Guaíba deve ser permitido a todos e não somente às pessoas que irão morar em frente', ressaltou Edi.

Um dos maiores receios é que a aprovação do projeto possibilite que propostas similares apareçam. 'Há 20 anos a cidade lutou contra o projeto da praia do Guaíba. Agora, mais uma vez, querem privatizar uma área de lazer e cultura. Um dos maiores e mais expressivos pontos da Capital', afirmou Edi, destacando que, além da questão ambiental, serão afetados o trânsito, o saneamento básico e a urbanização dos bairros próximos. A ambientalista também afirmou que não houve preocupação por parte dos empreendedores em realizar estudos prévios de impacto ambiental e de vizinhança na região do entorno.

De acordo com o escritório Debiagi Arquitetos e Urbanistas, que elaborou o esboço do projeto do Pontal do Estaleiro para o grupo gaúcho BM PAR, a proposta arquitetônica e urbanística tem como finalidade resgatar um dos locais mais importantes de Porto Alegre, que está isolado há 21 anos. Conforme comunicado do escritório, a construção respeitará as características da região, como os morros e o pôr-do-sol. Os estudos ambientais serão realizados após a conclusão do projeto.
 
(Correio do Povo, 17/09/2008)