Substituir derivados de petróleo por novas tecnologias é um caminho sem volta, dizem os especialistas.A corrida para substituir os combustíveis derivados de petróleo no transporte de cargas está cada vez mais acelerada. De um lado, as montadoras sentem a pressão para reduzir as emissões de gases que contribuem para o aquecimento global. De outro, convivem com previsões que apontam para dias em que o petróleo vai se tornar cada vez mais escasso – e caro. “O uso do petróleo está com os dias contados”, diz o físico Kjell Aleklett, professor da Universidade de Uppsala (Suécia) e um dos maiores especialistas em esgotamento de fontes fósseis. “Os combustíveis alternativos e o caminhão híbrido são as soluções para a melhora do ar.” Aleklett participou recentemente de um seminário sobre o tema organizado pela Volvo, no Rio de Janeiro.
De acordo com o professor Aleklett, a produção do petróleo atingirá seu apogeu em 2010 e depois cairá. “O problema é que hoje o mundo é dependente do petróleo”, afirma. “Apenas 15% das energias usadas são renováveis.” No Brasil não é diferente: os veículos de transporte respondem por 60,3% do petróleo utilizado no país. “Se continuarmos usando apenas derivados de petróleo, em 2050 vamos aumentar os níveis de dióxido de carbono na atmosfera em 140%”, diz a especialista Márcia Valle Real, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), que também participou do evento da Volvo.
Na Volvo, a tecnologia dos caminhões híbridos é a que traz mais perspectivas para o futuro. “Essa tecnologia substituirá grande parte do diesel”, afirma Lars Martensson, diretor de assuntos ambientais da Volvo. “Os caminhões vão ser equipados com um motor elétrico e com uma bateria que poderá ser retirada e recarregada quando o veículo estiver parado.” A Volvo está testando na Europa sete caminhões movidos com diferentes tipos de combustíveis – biodiesel, biogás, biogás combinado com biodiesel, etanol/metanol, DME (um produto líquido obtido a partir da gaseificação da biomassa), diesel sintético e gás hidrogênio combinado com biogás. Muitas dessas alternativas esbarram nos custos, que ainda são altos em comparação com os combustíveis tradicionais. Mas a Volvo espera ter em breve caminhões com as novas tecnologias circulando nas ruas das principais cidades do mundo. “Estamos testando na Suécia um híbrido que utiliza até 35% menos combustível”, diz Martensson. “Ele está sendo usado na coleta de lixo e entrará em produção em 2009.” Martensson só não sabe quando a Volvo trará todas essas tecnologias para serem testadas no Brasil.
(Por Carlos Eduardo Biagini,
Revista Quatro Rodas Frota, 09/2008)