Petrobras confirma que o Dique Seco de Rio Grande vai construir oito cascos de plataformas petrolíferas
A Petrobras deu o empurrão que faltava para consolidar o pólo naval gaúcho. Vivendo até agora uma espécie de fase experimental enquanto conclui a P-53, a ser inaugurada por Lula na quinta, o Dique Seco de Rio Grande vai construir oito cascos para plataformas petrolíferas que farão a extração dos campos da camada pré-sal, na Bacia de Santos, confirmou ontem a Petrobras.
Como estima-se que sejam necessários US$ 400 milhões para cada casco, o investimento será de US$ 3,2 bilhões – ou R$ 5,78 bilhões pelo dólar de ontem – em até oito anos.
A confirmação era aguardada para ratificar as declarações do presidente, que no início de abril havia prometido utilizar o Dique Seco de Rio Grande para a construção de cascos de plataformas flutuantes – que se assemelham a navios. Segundo a Petrobras, o edital para a construção dos equipamentos será lançado em breve. Diferentemente da P-53, montada em cima de uma embarcação reformada, os cascos serão fabricados do zero e sustentarão uma estrutura de produção de 120 mil barris de petróleo/dia e 5 milhões de metros cúbicos de gás.
Os oito cascos podem ser apenas parte dos contratos. A Petrobras informou ontem que Rio Grande também concorre como alternativa para a montagem completa das plataformas – e não apenas dos cascos.
No total, incluindo as estruturas de sustentação que serão construídas em Rio Grande, essas embarcações custam em torno do US$ 1,3 bilhão, o que eleva o orçamento potencial das plataformas flutuantes para cerca de US$ 10,4 bilhões.
RS concorre com Rio, Bahia e Pernambuco pela segunda etapa
Caberá à empresa vencedora da licitação decidir onde serão montados os módulos de produção das plataformas a serem instalados sobre os cascos. O Rio Grande do Sul concorre com a indústria naval de Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco para receber a segunda etapa do projeto.
De acordo com Giuseppe Bacoccoli, pesquisador especializado em petróleo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), as recentes descobertas da Petrobras devem exigir de 16 a 18 novas plataformas. No comunicado de ontem, a Petrobras informou também que pretende adquirir duas plataformas terceirizadas. O cálculo do pesquisador mostra que a estatal ainda precisará definir a compra de pelo menos seis plataformas.
– Temos de fazer uma produção em série destes cascos para explorar o petróleo. A demanda é enorme – diz Bacoccoli.
Segundo o presidente da Federação das Indústrias (Fiergs), Paulo Tigre, o anúncio da Petrobras abre caminho para investimentos.
– É excelente. Isso nos firma como um pólo naval. Um projeto como este funciona como uma grande montadora de veículos, que atrai vários sistemistas – disse Tigre.
A prefeitura de Rio Grande também comemorou.
– Oito cascos significam atividade para um período bastante considerável, o que vai possibilitar que trabalhemos para qualificar profissionais – disse o prefeito Janir Branco (PMDB).
(Por Alexandre de Santi, Zero Hora, 16/09/2008)