A Votorantim anunciou na manhã de ontem (15/09) que irá se fundir com a Aracruz para fortalecer seus negócios. A Votorantim Industrial e a Arainvest, do Grupo Safra, pretendem compartilhar o controle de uma holding, através de suas empresas no ramo da celulose: a Votorantim Celulose e Papel (VCP) e a Aracruz.
Para isso a VCP, que já é acionista, irá ainda comprar mais 28% das ações ordinárias da Aracruz, passando a controlar a empresa com 56% das ações. Já a nova empresa, a holding, terá 100% das ações da Votorantim e 42,8% de ações, entre ordinárias e preferenciais, da Aracruz. O ambientalista Felipe Amaral, do Instituto Biofilia, prevê que a concentração do mercado de celulose aumente a expansão de pínus e eucalipto no Rio Grande do Sul.
“Essa aquisição da Votorantim contempla o que a gente tem falado. Esses projetos de silvicultura que o Rio Grande do Sul pretende implantar não são projetos que vão trazer grande retorno para a população, pois beneficiam apenas as empresas. Essa realidade já aconteceu em outras regiões do país, não é nada novo”, diz.
No Rio Grande do Sul, a fusão da Votorantim e da Aracruz significa o monopólio do setor. A terceira principal empresa que tem se instalado no estado, a transnacional Stora Enso, possui juntamente com a Aracruz uma empresa de celulose no Nordeste brasileiro, a Veracel. Ou seja, também estão interligadas.
Do ponto de vista econômico, Amaral teme pelos agricultores que aderirem ao cultivo do pínus e do eucalipto, já que ficarão dependentes de uma única empresa. “Além do impacto social e ambiental, temos o impacto econômico, com a questão do trabalho, da cadeia produtiva, da garantia de preços para o produtor que está entrando na silvicultura. Cada vez mais o produtor vai ficar nas mãos de uma grande empresa”, diz.
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 15/09/2008)