Os dois grupos passarão agora a dividir o controle da empresa, após saída dos LorentzenForam fechadas, durante o fim de semana - sem muito stress -, as negociações entre os grupos Safra e Votorantim, que passam agora a dividir o controle da Aracruz Celulose. Depois de um amplo detalhamento jurídico, a previsão era que os papéis seriam assinados no final da noite de ontem, com conseqüente comunicado hoje à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A Votorantim Celulose e Papel, que já tinha 28% da Aracruz, fez em agosto uma oferta de R$ 2,7 bilhões pelos 28% da família norueguesa Lorentzen na empresa. A oferta foi aceita, mas dependia de um aval da família Safra, que também detinha 28% da Aracruz e tinha um acordo de preferência na compra das ações dos Lorentzen. Os valores do acordo entre Safra e Votorantim não foram revelados, mas os Safra devem ter recebido uma compensação financeira para dividir as ações dos noruegueses.
A Aracruz era, até agora, regida por um acordo de acionistas entre as famílias Safra e Lorentzen, que fundaram a companhia no fim dos anos 60 no Espírito Santo. Se um deles quisesse vender as ações, precisaria, primeiro, oferecer ao outro. A combinação foi feita justamente para impedir um avanço da Votorantim - em 2001, o grupo de Antonio Ermírio de Moraes entrou no negócio comprando a participação de 28% da Anglo American.
O acordo põe fim também ao desejo da Suzano de entrar na Aracruz. A empresa tentou um acordo durante cerca de um ano, oferecendo valores altíssimos. Mas acabou ficando fora do negócio.
As conversas começaram há cerca de seis meses, pouco antes do fim do prazo de vencimento do acordo entre os três principais acionistas, que terminou em maio. As famílias Lorentzen e Safra não se colocaram como compradores. A Aracruz passou, então, a ser alvo natural para a Votorantim. Mas, nas conversas entre os acionistas, os Safras sempre deixaram claro que o objetivo não era comprar nem vender, mas, sim, fazer uma composição com a Votorantim.
LÍDER MUNDIALA Aracruz Celulose é líder mundial na fabricação de celulose branqueada de eucalipto - produto usado na fabricação de papéis de imprimir e de escrever, papéis sanitários e papéis especiais. A empresa detém cerca de 25% do mercado mundial desse tipo de celulose.
A companhia tem uma capacidade de produção anual de 3,2 milhões de toneladas de celulose, dividida entre as fábricas de Barra do Riacho, no Espírito Santo (2,3 milhões de toneladas), Guaíba, no Rio Grande do Sul (450 mil toneladas) e na fábrica da Veracel, em Eunápolis, na Bahia, que é dividida com a sueco-finlandesa Stora Enso (450 mil toneladas, o equivalente à metade da produção).
A Aracruz fechou 2007 com receita líquida de R$ 3,64 bilhões, uma queda de 2% na comparação com 2006, e lucro líquido de R$ 1,04 bilhão, queda de 36% - segundo a empresa, resultado do diferimento de imposto de renda. O volume de vendas da empresa atingiu 3,1 milhões de toneladas, um crescimento de 3% sobre 2006.
(Por Sonia Racy,
O Estado de S. Paulo, 15/09/2008)