Segundo a Sabesp, um terço da sujeira vem das ruasUm terço da poluição do Rio Tietê tem como origem o lixo jogado nas ruas, afirma Marcelo Salles Holanda de Freitas, diretor de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente da Sabesp. "Qualquer bituca de cigarro ou garrafa PET na rua vai acabar no leito do rio", afirmou. O trabalho de despoluição do Tietê na década de 90, explicou o executivo, foi feito na velocidade dos recursos existentes.
No início dos anos 90, segundo Freitas, apenas 60% da população da região metropolitana tinha seu esgoto coletado, e 24% desse total era tratado. Na primeira fase do projeto Tietê foram construídas cinco estações de tratamento. Hoje, com a conclusão da segunda fase, as estações e a rede de coleta estão sendo ampliadas. O esgoto coletado atinge 84% da população e, desse total, cerca de 70% é tratado antes de retornar para os rios e córregos.
O problema, alega a Sabesp, também é conseqüência do esgoto oriundo de outras cidade da Grande São Paulo. "Melhorou muito a poluição no Tietê. Mas ainda não foi o suficiente para melhorar a qualidade do rio, que está sem oxigênio e sem vida aquática", admite o diretor da Sabesp.
A meta do governo é que as duas próximas fases do programa sejam concluídas até 2019, quando, então, 100% da população teria todo seu esgoto coletado e tratado. A fase 3 terá empréstimo de US$ 800 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sendo US$ 200 milhões de responsabilidade do governo do Estado, e deve durar até 2014.
BOM EXEMPLOO exemplo de Seul deve ser seguido, pregam urbanistas. "Um grande rio não é independente da cidade. Não se pode desconectar essa revitalização de um grande projeto que una várias prefeituras", disse a presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) em São Paulo, Rosana Ferrari.
Na mesma linha vai Fernando Okimoto, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unesp. Ele pede a integração das políticas públicas. "O rio de Seul é diferente do Tietê. Lá deu certo porque teve continuidade de políticas públicas em todos os sentidos. Aqui, o que não é resolvido a curto prazo acaba não sendo resolvido", observou. Para a urbanista Raquel Rolnik, além de tratar todo o esgoto das metrópoles, é preciso rever e mudar a ocupação das margens e várzeas dos rios.
(Por Eduardo Reina,
O Estado de S. Paulo, 15/09/2008)