O Parque Hoteleiro nacional possui hoje aproximadamente 25 mil meios de hospedagem e, deste universo, 18 mil são hotéis e pousadas. No geral, 70% correspondem a empreendimentos de pequeno porte. Isto representa mais de um milhão de empregos e a oferta de aproximadamente um milhão de apartamentos em todo o país.
Esses dados são da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), entidade que classifica a hotelaria do Brasil “como a melhor, mais moderna e mais completa do continente”, conforme exposto em seu site.
Em termos de foco na sustentabilidade ambiental do segmento, porém, os avanços são mais modestos. “No Brasil, temos marchado pouco”, admitiu a AmbienteBrasil o presidente da ABIH, Álvaro Bezerra de Mello, registrando, contudo, esforços nessa busca expressos nos eventos afins ao setor.
O maior problema, segundo ele, é a falta de fôlego financeiro para os hotéis e pousadas, de qualquer porte, adotarem tecnologias que resultem, por exemplo, em economia de água e energia.
“No Brasil, pagamos 38% de impostos; nos Estados Unidos, são 25%”, ilustra. “O nível de impostos que o Governo nos cobra é igual ao da Suécia, mas o atendimento prestado é similar ao do Congo”, coloca, ressoando uma crítica comum aos setores produtivos de modo geral.
Um procedimento já implantado em grande parte dos hotéis brasileiros é afixar, nos banheiros dos quartos, o esclarecimento de que lavar toalhas gasta água – fato banal esquecido por muitos hóspedes. Neste aviso, que lança mão de um apelo ambiental, a praxe é comunicar que as toalhas só serão trocadas se deixadas no chão.
Trata-se de um ímpar exemplo de conscientização ambiental básica. Quantas pessoas, em suas residências, usam a respectiva toalha de banho apenas por um dia? Raríssimas, concordam? Por que então, num hotel, haveria essa necessidade?
Os investimentos em prol do respeito a esta nova ordem são pontuais e, quase sempre, estimulados mais por aspectos econômicos do que por ideologia. Álvaro Bezerra contou a AmbienteBrasil que reformou seu hotel, no Rio de Janeiro, com financiamento do banco ABN, de origem holandesa. Para fechar o negócio, acatou “sugestões” que, no frigir dos ovos, não só são mais racionais do ponto de vista de gestão, mas também contribuem para a obtenção de eficiência energética, por exemplo.
A questão é que, em empreendimentos já instalados, transformações radicais implicam em gastos vultosos e no transtorno de fechar o hotel ou pousada parcial ou totalmente – decisão que nem sempre é possível.
Nos hotéis que vêm sendo construídos, porém, sustentabilidade transformou-se em um norte nos projetos. “É uma tendência dos arquitetos e dos proprietários”, diz Álvaro, registrando que, em alguns países europeus, a preocupação com o aquecimento global vem claramente impulsionando a prioridade a construções sustentáveis e a adoção de outros procedimentos mais amigáveis à natureza.
Na rede Scandic, por exemplo, uma as maiores da Escandinávia, há opção de café da manhã só com produtos orgânicos. Segundo Álvaro, no Brasil, ele só tem conhecimento de um hotel a oferecer tal alternativa – o Kubitscheck Plaza, em Brasília.
Dentro da Nova Equipotel 2008, de hoje até a próxima quinta-feira, no Pavilhão do Anhembi São Paulo, será realizado o evento 17º Equip Design. Uma de suas atrações é o chamado Hotel Verde, construído em tamanho real, com onze ambientes baseados “na coexistência em equilíbrio das forças ambientais, econômicas e sociais”.
A base da proposta limita-se, porém, a escolhas ecologicamente corretas na decoração, em que se usa, por exemplo, fibras naturais, produtos reciclados, madeira de demolição ou certificada. Não é o quadro desejável por completo, mas, certamente, um começo.
(Por Mônica Pinto /
AmbienteBrasil, 15/09/2008)