Tempestades, acompanhadas de tornados, granizo e vendavais, como as registradas nos últimos dias no Rio Grande do Sul, vão se repetir. A advertência da MetSul Meteorologia é baseada na constatação de que o Estado está situado na segunda região mais propícia a tornados do mundo.
'A região compreendida pelo Centro e o Norte da Argentina, o Uruguai, o Sul do Brasil e o Paraguai formam este corredor que está apenas atrás das Planícies Centrais dos Estados Unidos', explica o meteorologista Eugenio Hackbart. Levantamento histórico da MetSul revela casos de tempestades arrasadoras, desde a década de 40, muitas provocadas por tornados.
'Esses extremos sempre ocorreram e ficaram mais evidentes pela maior densidade populacional, o melhor entendimento dos fenômenos e a popularização das tecnologias de imagem.' O meteorologista explica que o Oeste gaúcho é a região mais sujeita a tempo severo. Nos Estados Unidos, os tornados ocorrem com maior incidência na primavera e no verão.
Já no Rio Grande do Sul, os casos mais graves desta década foram registrados entre o inverno e a primavera, como Viamão em outubro de 2000, Bom Jesus em julho de 2001, São Francisco de Paula em julho de 2003, Antônio Prado em dezembro de 2003 e Muitos Capões, no mês de agosto de 2005.
Nos últimos dias, 14 municípios gaúchos foram castigados por forte temporal. Desses, oito decretaram situação de emergência. Em algumas cidades, como Triunfo, a instabilidade se manifestou sob a forma de um tornado que deixou rastros de destruição, principalmente no distrito de Coxilha Velha. 'Para não ser arrastado pelo vento, me agarrei em uma viga', relatou o agricultor Dauri Couto, que testemunhou uma casa noturna ser destruída às margens da BR 386.
O comerciante Denério Vieira de Azevedo perdeu dois galpões, a casa e a lancheria em apenas 5 minutos. 'Até agora fico sem entender o que aconteceu. Do nada, surgiu um vento forte, em formato de cone, e arrastou tudo que encontrou pela frente', relembra.
O fenômeno também provocou destelhamentos, rachaduras em paredes de residências, quedas de árvores e danos na agricultura em São Sebastião do Caí. A fúria do vento arrastou caminhões e automóveis, além de provocar danos em imóveis e lavouras nas localidades de Aterrados, Morro do Pedro Rosa, Costa do Santa Cruz, Faxinal dos Pachecos e Carapuça, em Tabaí. Já em Picada Café, várias casas foram danificadas nos bairros Bela Vista, Kaffee ECK, Joaneta e Loteamento Ferreira.
(Por Luciamem Winck, Correio do Povo, 14/09/2008)