Apadrinhado pela União Européia, o governo brasileiro decidiu negociar sua adesão plena ao consórcio internacional que desenvolve a chamada tecnologia do futuro na área energética - a geração de eletricidade por meio da fusão nuclear. O objetivo dos participantes do projeto de Reator Experimental Termonuclear Internacional (na sigla em inglês, Iter) será comercializar, em meados do século, a instalação de usinas capazes de reproduzir as reações de fusão que acontecem em estrelas, como o Sol, para a produção de energia renovável, limpa e, em tese, barata.
Na negociação, o Brasil espera obter o aval dos atuais sócios do Iter para pagar a totalidade ou parte de sua cota de cerca de US$ 1 bilhão em remessas de nióbio, mineral usado obrigatoriamente no revestimento do reator. O passaporte para o ingresso do Brasil no Iter será a assinatura de um acordo de cooperação na área de fusão nuclear com a Comunidade Européia da Energia Atômica, a ser concluído em 21 de outubro, em Bruxelas. O acordo permitirá o intercâmbio de cientistas brasileiros e europeus nos centros pesquisadores de ambos os lados. Seu papel essencial, entretanto, será o aval político para o ingresso do Brasil no Iter.
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Dias Gonçalves, explicou que a ambição do Brasil de participar do consórcio "nunca foi abandonada". O governo cogitou, em um primeiro momento, atuar como observador no Iter. Mas, nesse caso, não compartilharia dos direitos de propriedade intelectual do projeto de reator. Para instalar reatores no País, no futuro, teria de pagar pesados royalties. Como sócio do projeto, terá acesso livre à aplicação e desenvolvimento da tecnologia e receberá parcelas de royalties. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Por Denise Chrispim Marin, Estadão, 14/09/2008)