O Parlamento do Mercosul vai debater em sessão na próxima semana, em Montevidéu, soluções para a crise política na Bolívia, que preocupa os países do bloco. O presidente do Parlamento, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), pediu uma audiência com o presidente boliviano Evo Morales para entregar, com outros deputados e senadores, documento no qual a instituição manifesta apoio à democracia do país vizinho e condena qualquer tentativa de fracionamento de seu território.
Na quarta-feira (10/09), manifestantes de oposição explodiram um gasoduto na Bolívia. Grupos civis também invadiram prédios públicos e atacaram sedes de veículos de comunicação do governo. Os adversários de Evo Morales acusam o presidente de adotar medidas estatizantes. Os protestos - que prejudicaram o fornecimento de gás para o Brasil - começaram depois que o governo de Morales reduziu o repasse de verbas para alguns departamentos do país, em troca de um aumento nas pensões de idosos.
Os parlamentares do Mercosul pretendem estimular uma negociação. "Vamos nos colocar à disposição das lideranças políticas da Bolívia para tudo o que for necessário no sentido de organizar reuniões e debates políticos, uma vez que devem ser ouvidos os dois lados", afirmou Dr. Rosinha.
A crise na Bolívia, disse o deputado, tem reflexos no Mercosul porque a Bolívia é associada ao bloco e tem fronteiras com o Paraguai, a Argentina e o Brasil. "As crises fazem com que as pessoas migrem para áreas mais seguras e as mais próximas são esses três países", lembrou.
Ministro da Defesa
De acordo com Dr. Rosinha, os problemas da Bolívia deverão ser debatidos nos dois dias de sessão do Parlamento: na segunda-feira (15/09), durante a reunião plenária; e na terça (16/09), quando deverá haver reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para discutir a criação do Conselho de Segurança da América do Sul. "Nada mais oportuno que fazer esse debate durante a visita do ministro", afirma.
Segundo o deputado, a origem da crise no país vizinho está "na resistência de grupos que não conseguem aceitar o processo democrático".
Negociações
A Colômbia, o Brasil e a Argentina podem cumprir um papel importante no processo de paz, na avaliação de Dr. Rosinha. "Seria importante os presidentes desses países chamarem as forças que estão hoje se confrontando para uma reunião", disse. Para o deputado, no entanto, não é muito fácil acalmar os ânimos porque os grupos envolvidos nos tumultos são os mesmos "que sempre apoiaram golpes".
Dr. Rosinha lembrou que o Parlamento do Mercosul se manifestou sobre a crise quando ela estava no início, aprovando um manifesto no qual defendia a soberania territorial do país. Outra manifestação nesse sentido foi feita logo após o referendo que ratificou os mandatos de Evo Morales e de diversos governadores. Dr. Rosinha também já havia divulgado nota oficial, em nome do Parlamento, apoiando a democracia na Bolívia.
(Por Alexandre Pôrto e Oscar Telles, Agência Câmara, 11/09/2008)