Mudanças na política de exportação da Rússia e a tendência de recuperação do mercado imobiliário norte-americano podem ser oportunidades para que a indústria madeireira do Brasil volte a ser um dos principais players no cenário internacional. Com o objetivo de instalar indústrias que utilizem a madeira como matéria-prima, a Rússia aumentou os impostos de exportação das toras. Com isso, de acordo com análise do consultor de negócios da Finlândia, Hannu Valtonen, enquanto os russos não estiverem exportando produtos acabados, países produtores de compensados, portas e pisos, ganharão espaço.
É o caso do Brasil, que além de possuir florestas, conta com indústrias capazes de atender essa demanda internacional. O aumento de impostos para a exportação da matéria-prima russa irá tornar a importação de toras inviável para países da Europa e, provavelmente, para a China, um dos principais concorrentes do Brasil, e o Japão. Finlândia e Suécia, assim como Japão e China, poderão ser forçados a reduzir a produção de madeira serrada.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), Antônio Rubens Camilotti, essa é uma boa oportunidade para que a indústria de madeira brasileira inicie uma recuperação. “Além da variedade de produtos oferecidos pelo país, há o diferencial da certificação de qualidade”. Outro cenário internacional favorável ao Brasil está no principal comprador dos produtos de madeira sólida brasileiros: Estados Unidos.
Com a crise imobiliária norte-americana e a valorização do Real frente ao dólar, a indústria madeireira foi afetada nos últimos três anos. De acordo com o presidente da Cambridge Forest Products Associates (EUA), especialista em previsões e análises de mercados internacionais de produtos florestais, Bernard Fuller, o mercado imobiliário nos EUA deve se recuperar a no segundo semestre de 2009. “Essa recuperação irá restabelecer a rentabilidade. Assim, várias novas produções e consumos recordes serão atingidos em 2010-11”. Mas para atender essa demanda, à indústria brasileira deve agregar valor aos produtos para atender consumidores que prezam pela qualidade final.
(Interact Comunicação Empresarial, SBS, 11/09/2008)