Um cientista checo foi multado e um colega dele condenado a três anos de prisão depois de serem considerados culpados de coletar insetos raros na Índia. Um juiz da cidade de Darjeeling, no nordesde do país, disse que como o entomólogo Peter Svacha era um cientista conhecido e uma "vítima das circunstâncias", ele não seria condenado à prisão.
Mas Emil Kuchera, um guarda florestal checo que mantém um site onde vende insetos, foi condenado a três anos de cadeia. Svacha teve de pagar uma multa de 20 mil rupees (cerca de US$ 500), e Kucera também teve de pagar uma multa de 60 mil rupees.
Os dois foram presos em junho com dezenas de espécies de besouros, borboletas e outros insetos raros. Eles negaram que planejavam vendê-los. Eles foram acusados de coletar espécies do Singalia National Park e foram considerados culpados, na segunda-feira, de violar a legislação indiana de proteção à vida selvagem e à biodiversidade.
"Eles não tinham permissão para entrar no parque e coletar insetos raros e também não tinham permissão para realizar estudos científicos", disse Sumita Ghatak, responsável pelo local. Os dois homens afirmaram que não haviam coletado os insetos para fins comerciais e que não tinham entrado no parque.
Polêmica
A prisão de Svacha chamou a atenção da comunidade científica internacional. Cientistas do mundo inteiro lançaram uma campanha na internet pedindo que os dois fossem libertados. "Se os cientistas tivessem tido a permissão para manter os insetos, o conhecimento adquirido teria sido importante para a região do nordeste do Himalaia", disse Dharma Rajan, cientista com base na cidade de Bangalore. Mas as autoridades florestais disseram que os cientistas cometeram um crime ao não obter a permissão e os documentos necessários. E ativistas de defesa à vida selvagem concordaram com as autoridades indianas.
"A lei não pode fazer nenhuma distinção entre um cientista e uma pessoa comum", disse Animesh Basu, presidente da Himalayan Nature and Adventure Foundation. "Como cientistas, eles deveriam conhecer ainda mais as leis. E em outras ocasiões estrangeiros foram considerados culpados de contrabandear espécies raras para fora dessa região", afirmou. Os advogados dos dois lados afirmaram que poderão apelar da decisão uma vez que o julgamento completo for divulgado.
(BBC Brasil, Ultimo SEgundo, 11/09/2008)