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celulose e papel dioxina poluente orgânico persistente
2008-09-11
Um estudo encomendado pelo governo australiano à consultoria Beca Amec, disponível para consultas, contém uma revisão de 70 estudos sobre impactos ambientais de processos de branqueamento em sistemas ECF (livre de cloro elementar) e TCF (totalmente livre de cloro). O relatório, de 2006, levanta respostas a pesquisas de cientistas ligados ao WWF que denunciaram, no final de 2005, a devastação do santuário ecológico chileno Carlos Anwandter, impactado pela implantação de uma unidade do maior grupo de celulose daquele país, o CELCO. Segundo o WWF, a implantação da unidade trouxe danos severos à fauna de cisnes-do-pescoço-negro e a espaços de amortecimento (áreas úmidas) da reserve ecológica.

O diretor do WWF Clifton Curtis, afirma que antes da implantação da fábrica havia cinco mil exemplares da espécie, e depois apenas quatro foram encontrados.

O santuário de Carlos Anwandter tem mais de 12 mil acres e está localizado na província chilena de Valdivia. Para o WWF, o impacto da unidade de celulose afronta a Convenção de Ramsar sobre proteção de areas úmidas (banhados). A ONG aponta que impactos para a vegetação aquática da espécie conhecida como luchecillo, principal fonte de alimentação dos cisnes, está colocando em risco a sobrevivência desses animais.

Os cientistas ligados ao WWF apresentaram um estudo com 25 conclusões chave sobre impactos da fábrica e recomendações ao grupo CELCO. Como o documento contém várias referências aos impactos do branqueamento de celulose por sistemas ECF e TCF, em 2006, a consultoria Beca Amec lançou um estudo visando a esclarecer os principais pontos relativos a impactos ambientais desses processos.   

A seguir, são listadas as conclusões do item “Impactos Ambientais do Branqueamento ECF e TCF – conclusões relatadas em estudos realizados em 1990 e no início da década de 2000” do relatório externo feito por pesquisadores da Darmstadt Technical University (DTU) [Hamm, 2002], que revisou 70 referências publicadas entre 1989 e 2001 – a maioria posterior à última metade dos anos 90. As principais conclusões desta revisão são:

• Águas residuais de plantas de cellulose e papel, bem gerenciadas, empregando branqueamento ECF, são virtualmente livres de dioxinas e compostos tóxicos bioacumulativos.

• Os outros componentes organoclorados resultantes de branqueamento ECF têm composição similar a compostos que se degradam naturalmente, não são persistentes no ambiente e apresentam risco ambiental que pode ser desprezado aos sistemas aquáticos.

• A toxicidade do conjunto de efluentes das fábricas modernas de papel é geralmente muito baixa e não mostra correlação com níveis de AOX do processo de branqueamento ECF.

• Não há evidências disponíveis que indiquem que reduções adicionais de efluentes com AOX a partir do nível médio de 0,5 kg/tSa [tonelada seca de celulose] (em 2002) possam resultar em qualquer benefício ambiental demonstrável.

• Não há consenso internacional sobre limites de descarga adequados para AOX.

• Em termos globais, se as fábricas que atualmente usam cloro elementar trocassem para o branqueamento ECF, uma grande redução de AOX seria atingida, mais do que se as fábricas que hoje usam seqüências ECF trocassem seus processos para o TCF .

• Não há diferença sistemática na intensidade do efeito ou efeito padrão entre o conjunto total de efluentes de fábricas que empregam branqueamento ECF ou TCF.

• Não há indicação de diferenças entre branqueamento ECF e TCF em termos de efeitos tóxicos agudos e crônicos para ecossistemas aquáticos.

• Testes de toxicidade biológica realizados na planta Mercer International Rosenthal BKP em Blankenstein, Alemanha, não indicaram diferenças na qualidade do efluente de ECF e TCF.

• Os efeitos ambientais de modernas plantas de celulose (por exemplo, toxicidade sublethal para organismos aquáticos) não podem ser previstos unicamente a partir das seqüências de branqueamento. Avaliações futuras desses efeitos ambientais deveriam também se focar em outras unidades de operação dentro das plantas industriais (por exemplo, manuseio da madeira, cozimento, lavagem etc).

• Tratamento secundário de efluentes é pré-requisito tanto para águas residuais de ECF quanto para de TCFa fim de minimizar impactos tóxicos de longo prazo em ecossistemas aquáticos.

• Os processos de branqueamento ECF e TCF são considerados Melhores Tecnologais Disponíveis [IPPC BREF, 2001].

• Halogênios orgânicos (OX) da cellulose são considerados um parâmetro aceitável para avaliar a condição ecoamigável da produção de celulose ECF.

• A celulose ECF tem melhores propriedades para a produção de papel do que a celulose TCF.

• O branqueamento TCF não oferece vantagem sobre po branqueamento ECF em termos de reduzir ou eliminar a descarga do efluente.

Três estudos trataram da questão da toxicidade de efluentes ECF e TCF particularmente bem:
• Nelson, Stauber et al. compararam a toxicidade do ECF e do TCF a partir do branqueamento da polpa de eucalipto em processo kraft usando uma seqüência de bioensaios marinhos desenvolvidos pelo Programa Nacional de Pesquisa em Celulose (Austrália). Os efluentes TCF não tratados eram mais tóxicos do que os efluentes ECF, possivelmente devido à presença de peróxido residual nos efluentes TCF. Enquanto o tratamento secundário reduziu a toxicidade, tanto para ECF - D(EO)DD – e para TCF - (XQ)(EOP)(EPN)P  -, os efluentes ainda foram considerados tóxicos para certas espécies sensíveis (sea urchin) [Nelson, 1995], [Stauber, 1996].

• Mais recentemente, Mounteer et al. concluíram que para lodo ativado tratado de ECF - D(EO)DD – e de TCF - Q(OP)(ZQ)(PO) -, efluentes de branqueamento de lantas de cellulose brasileira, a microtoxicidade e a toxicidade foram consistentemente eliminadas de ambos os efluentes, enquanto a toxicidade crônica para algas verdes unicelulares Selenastrum capricornutum foi reduzida mas não removida durante o tratamento [Mounteer, 2002].

(Por Cláudia Viegas, Ambiente JÁ, 11/09/2008)

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