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parque nacional do itatiaia aves pássaros
2008-09-11

Era ano 2000, e o Parque Nacional do Itatiaia preparava-se para completar seus 63 anos. Considerado um dos dez melhores pontos do mundo para a observação de aves, o assunto era obrigatório na palestra que o ornitólogo Dante Buzetti daria. Computador e caixas de som a postos, o especialista iniciou a exibição de fotos e cantos dos pássaros que sobrevoavam a região. Da platéia, no entanto, o então diretor da unidade, Leo Almeida, não tirava os olhos da cadeira ao lado da sua, onde um garoto de 15 anos sussurrava de cor o nome de cada espécie apresentada.
 
Hoje com 23 anos e à frente do inventário que até o fim do ano vai atualizar as informações sobre as aves do Itatiaia, Luciano Lima acha graça da fama que ganhou à época, de menino passarinho. “Desde os 14 anos eu saía às 5h30 da manhã, pegava um ônibus até o parque e subia a estrada a pé. O pessoal via um moleque correndo com um binóculo e vinha perguntar o que eu estava fazendo. Eu dizia: ‘Estou vendo os passarinhos’”.
 
Faltando um período para concluir o curso de Biologia na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Lima ainda estava na adolescência quando ganhou carta branca para estudar os pássaros do mais antigo parque brasileiro. Antes de entrar na faculdade já dava palestras para universitários, e com a divulgação boca-a-boca, acabou falando dos bichos pela Finlândia, Porto Rico e um bocado de municípios daqui. “Aprendi lendo muito e indo para o mato”, explica.
 
Com um currículo de botar inveja em muito ornitólogo, o rapaz divide seu tempo em projetos pelo Pará, Rondônia e Rio de Janeiro. Um deles é o levantamento que vai substituir o último boletim sobre as aves do Itatiaia, publicado em 1954 por Olivério Pinto. Segundo Lima, a criação da unidade foi fundamental para uma melhora sensível nas populações dos animais.
 
“Quando o parque foi fundado havia muitas áreas abertas, de pasto, dentro dos limites. Então, vários bichos que têm registro antigo não são mais encontrados, porque a mata voltou, está se recuperando”, diz, acrescentando que os animais originários da área estão retornando. “A população está aumentando entre várias espécies. No último boletim há 250 espécies registradas. Na nossa revisão já estamos com mais de 350, e podemos chegar a 400”, acredita.
 
Do estilingue ao binóculo
A paixão de Luciano Lima pelas aves é antiga. Quando criança, botava o estilingue no bolso e corria atrás dos pássaros na chácara que o pai tinha em Coqueiral, cidade no Sul de Minas Gerais. Queria botá-los na gaiola para apreciar de perto. Até que conheceu um ornitólogo numa feira de profissões na escola e descobriu que podia trocar o instrumento por livros e binóculo. “Ele me explicou sobre observação de aves, disse que não precisava de estilingue. E que eu poderia conhecer muito mais dessa forma”, conta.
 
Dali, o menino não parou mais. Juntava a mesada que recebia dos pais para pagar o ônibus e a entrada no Parna Itatiaia, e numa excursão da escola a uma mostra de livros no Rio de Janeiro não pensou duas vezes antes de desembolsar 130 reais num livro enorme sobre pássaros brasileiros. “A professora perguntou se minha mãe sabia que eu estava gastando aquele dinheiro, e na volta meus colegas debochavam: ‘Não acredito que você comprou um livro de passarinho’”, lembra, rindo.
 
Na faculdade, as loucuras pela natureza também já lhe renderam histórias curiosas. Seu nome circulou rapidamente pela cidade, e enquanto morava numa república com outros estudantes, alguns animais encontrados pela região foram parar nas mãos dele. “Quando apareciam uns bichos que ninguém queria ficar, acabavam mandando para a minha casa. Já peguei filhote de cachorro do mato, gavião, gambá”, recorda. “Começaram a fazer votação para me expulsar da república”.
 
Hoje Luciano se desdobra para conciliar a agenda de trabalho, e está difícil até aparecer pelo Itatiaia. “Para trazê-lo aqui hoje é um problema”, brinca o ex-diretor da UC, Leo Almeida. Mas o garoto sabe o que quer, e garante que não abandona por nada o lugar que o iniciou na carreira. “Hoje sou ornitólogo, vivo disso, mas nas horas vagas sou observador de aves. E 60% do endemismo de aves da Mata Atlântica estão em Itatiaia”, diz, orgulhoso.
 
Nas andanças pelo Brasil, dois itens não saem na mochila de Lima: o binóculo e a máquina fotográfica: “Esqueço a roupa, mas não esqueço isso”. Com um dos muitos cliques que disparou por estas terras, ele levou para casa o prêmio principal do Concurso Avistar 2008. E apesar de tanto trabalho, o menino encara tudo cheio de disposição. “A minha sorte foi que eu descobri com 13 anos o que queria fazer da minha vida”.

(Bernardo Camara, OEco, 10/09/2008)


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