O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, rejeitou na quarta-feira acusações de que um novo fundo internacional de conservação para a Amazônia, que terá uma grande contribuição da Noruega, violaria a soberania brasileira.
Políticos e articulistas nacionalistas alertam que os estrangeiros que fizerem doações ao Fundo da Amazônia, apresentado no mês passado pelo Brasil, poderiam condicioná-las à adoção de determinadas políticas.
"Nem todos os doadores pensam em si antes de mais nada", disse Minc em um seminário sobre políticas públicas na Amazônia, patrocinado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
O Ministério do Meio Ambiente disse que o primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, deve aproveitar a sua visita da semana que vem ao Brasil para oficializar uma doação de 100 milhões de dólares ao fundo.
"Se eles querem doar porque estão sendo inundados [em consequência do aquecimento global], que o façam", disse Minc.
O desmatamento representa 20 por cento das emissões de gases do efeito estufa segundo dados da ONU.
Sobre a crescente presença de fazendeiros e ONGs estrangeiras na Amazônia, Minc disse não haver motivo de preocupação. "Hoje, quem destrói a Amazônia são os brasileiros", disse ele.
O Fundo da Amazônia vai promover a conservação florestal, a pesquisa científica e os projetos de desenvolvimento sustentável, como extração de borracha, gerenciamento florestal e criação de medicamentos a partir de plantas.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) vai administrar o fundo, segundo Minc. O governo espera que ele arrecade 1 bilhão de dólares no primeiro ano e até 21 bilhões de dólares até 2021, disse o BNDES em agosto.
Alguns potenciais governos doadores se queixaram da pouca influência que teriam sob a administração do fundo, que está aberto a empresas, países e ONGs.
O governo Lula vem aumentando a fiscalização contra o desmatamento e criando novas áreas de preservação, mas também constrói estradas e hidrelétricas que, segundo ambientalistas, podem provocar mais desmatamento em longo prazo.
(Por Raymond Colitt,
Reuters, 10/09/2008)