Depois de quatro edições realizadas em Brasília, este ano a Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária será realizada no Rio de janeiro, de 26 a 30 de novembro. Idéia é aproximar mais o setor dos grandes centros consumidores. Evento será realizado na Marina da Glória, em um espaço de 25 mil metros quadrados, com 480 estandes individuais e coletivos.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, lançou nesta quarta-feira (10), no Rio de janeiro, a V Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária. Depois de quatro edições em Brasília, onde 1.798 empreendimentos agroindustriais e artesanais movimentaram cerca de R$ 40 milhões, a feira se transfere para o Rio de Janeiro este ano, aproximando mais o setor dos grandes centros consumidores.
De 26 a 30 de novembro, o espaço de 25 mil metros quadrados da Marina da Glória reunirá, em 480 estandes individuais e coletivos, a diversidade da produção de agricultores familiares, assentados da reforma agrária, pescadores artesanais, extrativistas, indígenas e quilombolas de todo o país. Cada ambiente da feira será construído inspirado nas características das diferentes regiões do Brasil rural.
O secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo da Silva, representou o governador Sérgio Cabral no lançamento. O ministro Guilherme Cassel destacou que a feira é uma mostra de toda a riqueza, diversidade e beleza produzida pelos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. “Trazê-la para um mercado maior como o do Rio permitirá que esses trabalhadores sejam cada vez mais reconhecidos pela sociedade brasileira”, assinalou.
Cassel disse ainda que este é um momento importante para a alavancagem da agricultura familiar e dos assentamentos da reforma agrária no estado do Rio de Janeiro. “Ao contrário do que se pensa, o Rio de Janeiro tem uma agricultura familiar muito potente. São 50 mil agricultores que produzem com muita qualidade frutas, leite e pescados, especialmente”, informou.
Uma das principais novidades da quinta edição da feira é a criação de ilhas temáticas. Formadas por estandes coletivos, elas reunirão de 15 a 20 expositores. Dois exemplos são a Praça da Cachaça, réplica de um botequim para degustação de produtos artesanais e orgânicos, e a Praça dos Orgânicos, um armazém para a venda e degustação de sucos, doces, geléias, licores e compotas sem agrotóxicos. Na Praça do Biodiesel, uma maquete interativa explicará como se desenvolve a cadeia produtiva do biocombustível, da matéria-prima ao processamento.
Um outro destaque da feira é o projeto Talentos do Brasil. Criado pelo MDA em 2005, em parceria com o Sebrae e a Caixa Econômica Federal, esse projeto está presente em 12 estados do país com 15 grupos de mulheres que produzem roupas a partir de materiais produzidos por agricultoras artesãs.
O ato de lançamento da feira teve, entre suas atrações, um desfile deste projeto, mostrando o trabalho de centenas de artesãs do país, com o toque de oito renomados estilistas e designers, como Ronaldo Fraga, Renato Loureiro e Jum Nakao. Eles desenvolveram peças com materiais como palha do buriti, folha do tururi, couro de peixe, sementes, crina de cavalo e pedras preciosas. Também ocorreu a apresentação do livro Retratos do Brasil Rural, como fotografias de Edu Simões, Eduardo Tavares, Regina Santos, Ubirajara Machado e Tamires Kopp, e textos de Rafael Guimaraens.
Na edição deste ano, a Feira se vincula ao tema Agricultura Familiar e Produção de Alimentos e ao conceito de responsabilidade social. A idéia é estimular a conscientização dos participantes, expositores e visitantes, sobre sustentabilidade e preservação ambiental.
Os sócios do Brasil no Mercosul também estarão representados na feira em dois estandes, nos quais divulgarão produtos de seus países. Simultaneamente à feira, será realizada a 10ª Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul (REAF). O encontro reunirá lideranças de trabalhadores da agricultura familiar, técnicos e autoridades do Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai, além de Bolívia, Chile e Venezuela.
A agricultura familiar representa hoje cerca de 85% dos estabelecimentos rurais do país. Na média, é responsável por cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. Além disso, esse setor contribui com o esforço exportador a partir de várias cadeias de produção de que participam, representando cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Os 4,1 milhões de estabelecimentos de agricultores e agricultoras familiares contribuem, hoje, com 56% do leite, 67% do feijão, 89% da mandioca, 70% dos frangos e 75% da cebola produzidos no país, entre muitos outros produtos.
(Carta Maior, 10/09/2008)