O relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, Olivier de Schutter, afirmou na quarta-feira (10/09) que estudos recentes apontam a produção de biocombustível dos EUA e da União Européia - feito a partir de grãos - como sendo a principal causa da crise mundial dos alimentos. O professor belga afirmou ainda que será necessário designar um monitor internacional para supervisionar a produção de fontes alternativas de energia como o etanol.
Segundo o especialista, a produção de biocombustível aumentou a especulação no setor agropecuário e na área de commodities, e desviou o foco da produção. Segundo ele, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que 70% do aumento do preço dos grãos foi causado pelos biocombustíveis. Além disso, o Banco Mundial concluiu que aqueles feitos a partir de grãos foram responsáveis por 75% do aumento no preço das commodities.
Apesar das críticas aos biocombustíveis, Schutter considerou que paralisar sua produção - como reivindicava seu antecessor, Jean Ziegler - não seria a resposta adequada. "Cada tipo de produção de biocombustível deve ser objeto de um exame específico", disse após se mostrar mais favorável à utilização para este fim da cana-de-açúcar (como faz o Brasil) frente ao milho (Estados Unidos) e o óleo de palma (Indonésia e Malásia).
Preços altos - O relator afirmou ainda que os preços dos alimentos permanecerão altos durante vários anos, apesar de a pior fase da recente crise já ter passado. Schutter lembrou que já antes da alta de preços dos produtos básicos, 854 milhões de pessoas enfrentavam a fome no mundo e acrescentou que este número deve ter aumentado em 50 milhões por causa da crise.
Segundo Schutter, "a perspectiva é que os preços se mantenham comparativamente altos" porque os "fatores estruturais da crise se mantêm". Entre os fatores, estão demandas em expansão por causa do crescimento demográfico, a mudança de hábitos alimentícios, a produção de biocombustível a partir de cultivos essenciais para a alimentação e o impacto da mudança climática.
O relator afirmou ainda que os preços dos alimentos permanecerão altos durante vários anos, apesar de a pior fase da recente crise já ter passado. Schutter lembrou que já antes da alta de preços dos produtos básicos, 854 milhões de pessoas enfrentavam a fome no mundo e acrescentou que este número deve ter aumentado em 50 milhões por causa da crise.
Segundo Schutter, "a perspectiva é que os preços se mantenham comparativamente altos" porque os "fatores estruturais da crise se mantêm". Entre os fatores, estão demandas em expansão por causa do crescimento demográfico, a mudança de hábitos alimentícios, a produção de biocombustível a partir de cultivos essenciais para a alimentação e o impacto da mudança climática.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 11/09/2008)