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impactos mudança climática
2008-09-10

As mudanças climáticas ainda causam muitas controvérsias entre os cientistas. Pesquisas diferentes com métodos diversos chegam, muitas vezes, a resultados totalmente distintos uns dos outros. Na última semana, por exemplo, dois estudos publicados em revistas científicas trouxeram dados novos sobre as consequências do aquecimento global previstas até hoje.
 
Em contraponto às previsões existentes sobre o aumento do nível do mar, um estudo publicado na Revista Science define que a elevação dos oceanos não deverá ser superior a dois metros neste século. A expectativa, apresentada por cientistas do Instituto de Pesquisa Ártica e Alpina da Universidade do Colorado, nos Estados Undios, é menos alarmista do que a apresentada pelo filme “Uma Verdade Inconveniente”, em que o ex-vice-presidente Al Gore alerta para a possibilidade de as águas subirem até seis metros no mesmo período.

Ainda em relação aquecimento global, um estudo publicado na Revista Nature esta semana afirma que as tempestades tropicais estão ficando mais fortes. A culpa, sugere o artigo, pode ser das mudanças climáticas, em função justamente do aumento das temperaturas dos oceanos. Outros pesquisadores, no entanto, acreditam que o aquecimento pode reduzir a freqüência dos furacões.

Menos gelo, mais água
Mesmo a elevação de dois metros no nível do mar prevista pelos cientistas americanos seria catastrófica para muitos países litorâneos, que perderiam grande parte de seus territórios. Com apoio de membros de outras universidades dos Estados Unidos, o grupo de cientistas do Colorado mediu o aumento dos oceanos causado pelo degelo na Antártida, na Groenlândia e em outras plataformas de gelo e determinou que a elevação dos níveis do mar será de um a dois metros até final desse século.

"Mais de dois metros é fisicamente impossível", afirma Tad Pfeffer, um dos autores do estudo. Ele explica que essa altura só seria ultrapassada com um grande aumento na velocidade com que o gelo chega até o mar. "Simplesmente não existe uma maneira de o gelo chegar ao oceano tão rápido", admite.
Utilizando a Groenlândia como exemplo, Pfeffer diz que, para o nível do oceano subir dois metros até 2100, todas as geleiras precisariam acelerar em 70 vezes o ritmo atual de deslocamento em direção ao mar.

Mais vento, mais forte
Liderados pelo meteorologista James Elsner, da Universidade do Estado da Flórida (EUA), os pesquisadores que escreveram o artigo para a Nature analisaram dados de satélite de tempestades tropicais desde 1981 e descobriram que a velocidade máxima dos ventos nos fenômenos mais fortes aumentou significativamente nos últimos anos, principalmente no Atlântico Norte e nos oceanos ao norte da Índia.

As tempestades tendem a formar ciclos por décadas, por isso é difícil definir ano a ano se o número de furacões realmente está crescendo. Em geral, a quantidade de tempestades em todo o mundo tem se mantido constante – o que leva alguns cientistas a defender até a redução na freqüência desses eventos. O estudo, por outro lado, argumenta que as temperaturas mais amenas da superfície do mar resultarão em tempestades mais fortes. A água mais quente dos oceanos permite que o fenômeno em formação capture mais ar quente, o que potencializa a tempestade.

“Os furacões são guiados pela transferência de energia entre o oceano e a atmosfera”, afirma o meteorologista Kerry Emanuel, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. “Quando aquecida, a água possui maior habilidade de se evaporar e um maior índice de evaporação produzirá furacões mais intensos”.

Incerteza
A discordância entre os pesquisadores é justificada pela falta de registros 100% confiáveis sobre furacões passados – por isso eles não têm como  afirmar com certeza que o aumento recente na intensidade das tempestades não ocorreu anteriormente, anos antes de a Terra começar a aquecer.

O tempo é outra variável incerta, o que torna complicado definir precisamente como o aquecimento futuro pode afetar a formação das tempestades. Os modelos climáticos funcionam bem em nível global, mas raramente podem ser aplicados com segurança em áreas menores de 200 metros quadrados – espaço maior do que o atingido por muitos furacões.

“Não se trata de uma simples relação com a superfície do mar, é mais complicado do que isso e nós precisamos que os modelos sejam melhorados”, afirma Judith Curry, presidente da escola de ciências da terra e da atmosfera no Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA). Ela entende que a modelagem climática será aperfeiçoada para que se consiga entender melhor como o aquecimento irá intensificar as tempestades, mas alerta que esta é uma questão secundária. Curry afirma que, mais fortes ou não, os furacões continuarão a acontecer e que o primordial neste momento estar preparado para enfrentá-los.

(Por Sabrina Domingos, Envolverde, Carbono Brasil, 09/09/2008)


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