A Argentina "pode e deve participar" da construção da infra-estrutura necessária para explorar os recursos da camada pré-sal no Brasil, disse na segunda-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O convite ao país vizinho foi feito por Lula durante almoço com a presidente argentina Cristina Kirchner, com quem assinou acordos de integração.
Lula destacou a "aliança estratégica" entre Brasil e Argentina e disse que era necessário "aproveitar este momento muito especial" na relação entre os dois países.
"Por meio de consórcios produtivos vamos unir nossas forças e conhecimentos para viabilizar o extraordinário potencial de setores como a indústria naval, que passa por acelerada ampliação e modernização", afirmou Lula.
A Petrobras anunciou em novembro a descoberta de uma reserva estimada entre 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo leve, no campo de Tupi, na Bacia de Santos. Essa e outras descobertas levaram os geólogos a calcular a existência de mais de 70 bilhões de barris na camada pré-sal, que se estende por uma faixa marítima de 800 quilômetros, do Espírito Santo a Santa Catarina.
Lula disse também que Argentina e Brasil vão acelerar o programa de construção da hidrelétrica binacional Garabi, sobre o rio Uruguai, e intensificar a cooperação nuclear "para garantir nossa segurança energética".
O presidente mencionou, entre outras iniciativas, o desenho de um satélite conjunto, projetos para o uso pacífico da energia nuclear e o avanço de conversações para a criação de uma empresa binacional de enriquecimento de urânio. Lula disse que não se deveria temer as divergências entre os dois países, sócios maiores do Mercosul, integrado também por Uruguai e Paraguai, pois "sempre serão menores do que temos em comum."
O presidente insistiu no fortalecimento do Mercosul e destacou a importância do ingresso pleno da Venezuela ao bloco, assim como a retomada das negociações para sua vinculação com outros, como a União Européia. "O fortalecimento do Mercosul torna mais sólida a integração sul-americana e consolida nosso patrimônio latino-americano", reforçou.
(Por Julio Villaverde,
Reuters, 08/09/2008)