Bactérias geneticamente modificadas podem baratear a produção industrial do etanol de celulose, disseram pesquisadores na segunda-feira, abrindo as portas para uma melhor exploração de restos agrícolas e florestais. O etanol de celulose (o tipo de açúcar presente em espigas, bagaços e serragens, por exemplo) é menos poluente que os combustíveis fósseis, mas tem sobre o álcool de milho a vantagem de não usar terra que poderia ser destinada a alimentos.
As bactérias transgênicas fermentam a celulose para produzir etanol de forma mais eficiente, segundo o estudo publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências. Bactérias naturais também fermentam a celulose, mas o fazem a temperaturas mais baixas, de no máximo 37 graus, o que exige o uso de uma enzima cara, chamada celulase, segundo Lee Lynd, do Dartmouth College, autor do estudo.
A bactéria recém-criada, chamada ALK2, pode fermentar todos os açúcares presentes na biomassa a 50 graus. A temperaturas mais altas, a fermentação ocorre em apenas 40 por cento do tempo, disse Lynd por telefone. Além disso, explicou ele, a fermentação natural gera ácidos como subproduto, enquanto no caso das bactérias transgênicas o único produto obtido é o etanol.
Ele explicou que a ALK2 é mais eficiente que os microorganismos atualmente em uso porque rompem simultaneamente todos os cinco açúcares presentes na biomassa da celulose. "Esse bichinho fermenta tudo e fermenta ao mesmo tempo", disse Lynd.
Em termos de emissão de carbono, o etanol de celulose é considerado neutro, porque o carbono emitido na queima é compensado no cultivo da planta, disse nota assinada por Darthmouth, que também é diretor-científico e co-fundador da empresa Mascoma, voltada para o desenvolvimento da produção de etanol de celulose.
(Por Deborah Zabarenko, Reuters, 08/09/2008)