A empresa Veracel Celulose, fruto da parceria da brasileira Aracruz Celulose com a sueco-finlandesa Stora Enso, foi condenada em primeira instância pela Justiça Federal de Eunápolis, no sul da Bahia, a recuperar 96 mil hectares da vegetação nativa de Mata Atlântica devastada para a plantação de eucalipto. A empresa ainda deverá pagar uma multa de R$ 20 milhões. O Centro de Recursos Ambientais (CRA), responsável pelo meio ambiente do estado, deverá desembolsar R$ 2 milhões de multa por licenciar a área sem um estudo obrigatório prévio de impacto ambiental, que agora será avaliado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
“Essa é uma vitória da sociedade local, sufocada com as degradações ambientais de uma cidade refém de uma monocultura predatória e insustentável economicamente”, garante o promotor de Justiça de Eunápolis, João Alves da Silva, que agora denuncia a empresa e o órgão estadual por corrupção.
A ação foi movida em 1993, quando o projeto teve início. Na época, houve pressão da população, iludida pela publicidade de geração de empregos. Hoje, a empresa possui cerca de 205 mil hectares de terra na região, dos quais 96 mil são destinados ao cultivo de eucalipto, e emprega diretamente 410 pessoas, pouco mais da metade das 800 que precisaram deixar a área de plantio. Os campos de eucaliptos ainda devem ser duplicados, como anunciou em maio a Stora Enso.
A Veracel e a CRA recorreram da decisão. “Esperamos uma resolução definitiva em um ou dois anos”, finaliza o Procurador da República em Eunápolis, Anderson Góes. Em comunicado, a Veracel afirmou que fez os devidos estudos de impacto ambiental e que a denúncia diz respeito a 64 hectares. O CRA não se pronunciou, alegando que a ação não está finalizada.
(Por Guilherme Bryan, Folha Universal, 08/09/2008)