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eucalipto setor florestal
2008-09-08
No Brasil tem-se observado que sempre que se dá um boom no aumento da área plantada com eucalipto ou do seu mercado, coincidentemente ressurgem-se acintosas críticas quanto a esta espécie e ao seu cultivo, a eucaliptocultura, vindas, em muitos casos, de pessoas e instituições, que do ponto de vista técnico, social, econômico e ambiental, não são as mais apropriadas para tal.

O que não implica dizer que ignoramos o histórico de falhas e mazelas que ocorreram na condução dos reflorestamentos no País. Ocorrências estas que sempre foram reparadas e também normais, no contexto da época em que os plantios se iniciaram e inerente a qualquer ação antrópica. Como também, que sejamos contrários ao processo democrático de debate, fundamental para a construção de um sistema econômico mais sustentável e de uma sociedade mais justa. Opomos é a certas miopias e ao modo truculento que se tentam impor a respeito. Pois, não nos faltam exemplos de sucesso em debates sinérgicos entre ONGs (Organizações não governamentais) e o setor, que frutificaram nas bases para se ter hoje, no Brasil, o modelo de produção florestal mais avançado e competitivo do mundo.

Apesar de sabermos que outras culturas (soja, pinus, tabaco, etc) também sofrem deste mesmo flagelo, aparentemente nada é tão desproporcional e descabido quanto as jurássicas e anacrônicas críticas sobre o eucalipto e o seu cultivo. Críticas estas feitas, em sua quase totalidade, de forma arbitrária, infundada, sem discernimento e desprovida de quaisquer critérios técnico, científico e prático, se configurando no que há de mais pobre e escuso oportunismo político.

Reconhecemos que existem críticos sérios e instituições de peso discutindo e apontando falhas nesta questão, o que é extremamente salutar para o setor continuar progredindo, o problema é que o lado pejorativo disso, muitas vezes, pode retardar o crescimento da área plantada, prejudicando assim, os produtores rurais, que vêm obtendo rendas significativas com a venda da madeira, as indústrias florestais, que vêm aumentando expressivamente suas produções, aproveitando o boom do mercado doméstico e internacional, e o Brasil, que vêm necessitando tanto dos bons resultados macroeconômicos propiciados pelo setor, como emprego, renda, impostos, divisas e produção.

Por isso, caro leitor, sabendo como nós que atuamos no ramo florestal, sobre todos os esforços enveredados, ao longo destes mais de 40 anos de pesquisa cientifica e tecnológica florestal no Brasil, por técnicos, pesquisadores, professores, empresários e especialistas interessados em alcançar a forma mais equilibrada e sustentável de atender a demanda de nossa sociedade por produtos e subprodutos florestais, respeitando o homem, o ambiente e a propriedade, é que, inegavelmente, não podemos nos omitir e aceitar pacificamente certas calúnias e ultrajes a tal espécie e atividade.

Desta forma, buscando refletir sobre o que tem de positivo e real nas colocações, evitando deixar se levar pela estupidez, arrogância e ignorância em que, circunstancial e estrategicamente, determinados indivíduos tentam, de forma virulenta e autoritária, impor suas opiniões, e sabendo o quanto as plantações de eucalipto são importantes para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do povo brasileiro, é que ousamos comentar, sobre tal assunto, no sentido de contribuir para que melhor se esclareça a população, mas ciente de que é impossível esgotar toda a matéria, dada as controvérsias, complexidades e polêmicas que lhe são peculiar.

Apesar disso, não serão os atentados à lógica e os desrespeitos à ciência, por parte de certos astutos, que inibirão os renomados especialistas e as instituições de ensino e pesquisa, na condução das suas investigações florestais, nem tampouco pelas ameaças bombásticas, que o aumento das áreas de plantio com eucalipto vai deixar de ocorrer. Pois, se não foi na época dos incentivos fiscais ao reflorestamento, onde havia total carência de informações e conhecimentos sobre a atividade de reflorestamento, não vai ser agora, na era da competitividade florestal brasileira, com toda bagagem cientifica e tecnológica conquistada, que as histerias destes pérfidos vão intimidar os atores do complexo florestal.

Assim, antes de comentar pontualmente cada elemento das críticas, principalmente aqueles relacionados às questões sociais e econômicas, vale ressaltar sobre a espécie, a importância, o histórico e a evolução das plantações, do setor, do mercado, da política, dos produtos e das indústrias florestais, para melhor entender as razões e as justificativas de nossa postura como paladino dos interesses do setor florestal e do bom manejo das plantações de eucalipto no Brasil.

O eucalipto é uma espécie arbórea pertencente à família das Mirtáceas e nativa, principalmente, da Austrália. São mais de 670 espécies conhecidas apropriadas para cada finalidade de aplicação da madeira. No Brasil, seu cultivo em escala econômica deu-se a partir de 1904, com o trabalho do agrônomo silvicultor Edmundo Navarro de Andrade, para atender a demanda da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Mais precisamente a partir de 1965, com a lei dos incentivos fiscais ao reflorestamento, sua área de plantio no Brasil aumentou de 500 mil para 3 milhões de hectares.

Estes incentivos, sob os aspectos sócio-econômicos e mesmo com as falhas na fiscalização dos recursos aplicados, contribuíram para uma maior participação do setor no PIB nacional, na geração de emprego e renda, no recolhimento de impostos, na balança comercial, nos investimentos em infra-estrutura, no consumo de bens de produção local, no fomento a diversos tipos de negócios, entre outros. Sob o aspecto ambiental, vale ressaltar, uma diminuição na pressão sobre as florestas nativas, abrigo para a fauna, proteção das águas e dos solos, melhoria da qualidade do ar, recuperação de áreas degradadas, contribuição para a mitigação do efeito estufa, etc. Mas, o diferencial do setor, e o que o torna mais estratégico para o desenvolvimento do País, é o seu efeito multiplicador sobre os indicadores sócio-econômico, quando do aumento da sua produção devido a sua ligação para trás (compra de matéria-prima) e para frente (venda de produtos) na cadeia produtiva.

Mesmo utilizando pouco da sua potencialidade, o setor ainda é capaz de contribuir com cerca de 5% do PIB, US$ 3 bi em impostos e US$ 16 bi em exportações (segundo maior em superávit comercial), empregar mais de 2 milhões de pessoas e remunerar seus trabalhadores melhor que os das atividades similares. Praticamente, as plantações florestais destinadas a produção de madeira para energia, celulose e processamento mecânico, são muito mais responsáveis pela formação dos macro-indicadores do setor florestal brasileiro que as florestas nativas, apesar dos seus quase 500 milhões de hectares disponíveis para produção contra apenas 5 milhões de plantio, sendo 3 de eucalipto, 1,8 de pinus, e o restante, outras espécies (seringueira, teca, etc).

No que tange ao mercado florestal, este tem melhorado substancialmente devido ao aquecimento da economia internacional e brasileira. Em função do rápido crescimento das plantações de eucalipto, que atingem produtividades cerca de 10 vezes mais que as dos países líderes deste mercado, o Brasil vem ganhando posições de destaque no mercado. Para se ter idéia, o crescimento das florestas na Finlândia, país tradicionalmente florestal, alcança em média, rendimentos de 5 m3/ha.ano, Portugal, 10, Estados Unidos, 15, África do Sul, 18, e Brasil, 35, porém podendo alcançar de 60 a 70 m3/ha.ano. Vários estudos têm comprovado estes ganhos de competitividade da indústria florestal (celulose, chapas e serrados), em detrimento dos países tradicionais decadentes, que incomodados e convulsivos, suspiram ao verem frutificar iniciativas suicidas contrárias a eucaliptocultura no Brasil.

Os projetos de reflorestamento, independente da espécie plantada, caracterizam-se pelo elevado risco, técnico e econômico, a que estão sujeitos. Na maioria das vezes, estes riscos estão associados ao longo prazo, onde tudo se torna possível de ocorrer, como incêndios, pragas, doenças, sinistros, volatilidades de mercado e preços, afetando a viabilidade e a atratividade destes projetos.

Outra característica negativa deste tipo de projeto é o preço ainda baixo do produto florestal (madeira), em razão da existência de uma condição de mercado onde a competição se faz de forma imperfeita, prejudicial no curto prazo aos produtores rurais e, no médio e longo prazo, às empresas e consumidores.

No entanto, começa a se observar mudanças significativas neste mercado, onde o aumento na demanda por madeira, sem a correspondente oferta, tem provocado elevações nos preços. O diferencial deste tipo de projeto comparado com o agrícola, é que o aumento nos preços não reflete imediatamente no aumento da oferta, pelo fato de que do plantio à colheita leva-se, pelo menos, de seis a sete anos. Daí se acreditar que estes preços continuarão subindo por, no mínimo, seis anos.

Com isso, este colapso na oferta, popular “apagão florestal”, está provocando mudanças profundas e positivas no mercado, valorizando a madeira e aumentando a atratividade, o que é benéfico para todos os agentes econômicos envolvidos, como produtor, empresa e consumidor. Como alteração estrutural, pode se dizer que vem ocorrendo o repasse da atividade florestal aos produtores rurais, reduzindo assim os latifúndios e a monocultura e seus impactos ao ambiente e a população rural. Geralmente, este repasse tem sido feito através de uma parceria entre empresas florestais e produtores rurais, denominada de fomento florestal.

Além de tudo que foi apresentado, é possível destacar ainda como aspectos positivos do eucalipto e da eucaliptocultura o fato de que, por ser uma espécie exótica não há tanta restrição legal quanto ao seu corte; pode ser plantada em diversos locais e escala e utilizada para produzir lenha, carvão, celulose, moirões, escoras, postes, dormentes, desdobros, móveis, construção, apicultura, óleos e taninos e quebra-ventos.

Mesmo diante de tantos benefícios das plantações florestais para a nação, estranhamente ganham espaço as críticas que comentaremos abaixo, que enquanto construtivas são bem vindas, porém do contrário, devem ser rechaçadas avidamente.

As principais tiranias associadas ao eucalipto e a eucaliptocultura alegam que, o eucalipto é uma espécie exótica, piora o déficit hídrico do solo, reduz a fertilidade e o pH do mesmo, afugenta a fauna, as plantações formam grandes latifúndios e monocultura, apresenta pouca contribuição na geração e formação da renda e emprego, provocam o êxodo rural e reduzem o valor da propriedade rural.

No que se refere às questões de natureza ambiental apontadas acima, vale ressaltar que por razões éticas, não hesitaremos aprofundar quaisquer comentários técnicos, mas apenas discuti-los do ponto de vista político e econômico. Também que não se faz, logicamente, qualquer comparação entre as plantações e as florestas nativas. No entanto, fazem-se algumas comparações com as culturas agrícolas e pastagens, apesar de não haver necessidade para isso, pois o Brasil é um país continental com grande ociosidade de terras, havendo espaço e recursos naturais para todas. Antecipando, afirmamos que os benefícios das plantações florestais superam em muito os daqueles plantios e pastagens, conforme vários estudos têm comprovado.

Além disso, antes de se tecer quaisquer comentários, gostaríamos de esclarecer ao amigo leitor, que na área ecofisiológica os fenômenos naturais são complexos e dinâmicos, não se trata de uma ciência exata, daí dizer que os efeitos de uma ação sobre os meios bióticos e abióticos são de difíceis diagnóstico, mensuração e prognóstico. Então quando vemos pessoas leigas falando com propriedade de determinados efeitos da eucaliptocultura sobre o meio, nos estarrecemos, pois nem nossos colegas PhDs, conhecidos internacionalmente e que dedicam integralmente nestas áreas, muitas vezes, não afirmam categoricamente a respeito.

Tal como o eucalipto, praticamente, toda a nossa base alimentar é constituída de espécies exóticas, como o arroz, milho, feijão, trigo, soja, abacaxi, café, etc., além do mais, num mundo irmanamente globalizado, não faz sentido nenhum levante de xenofobia, mas sim de confraternização entre os povos e culturas.

No tocante a parte hídrica, o eucalipto é taxado como uma espécie consumidora de grande quantidade de água. A titulo de curiosidade, o leitor deve pesquisar e comparar o consumo de água para cada unidade produzida de carne, cana-de-açúcar, batata, milho, soja, etc, e verá quem realmente é a verdadeira bomba hidráulica vegetal. De qualquer forma, seria leviano de nossa parte afirmar com toda propriedade que o eucalipto e, ou a eucaliptocultura reduz ou não a quantidade de água no solo, alterando a vazão dos cursos d´água, pois isto é inerente a qualquer cultura e o que está em jogo é o manejo adequado da microbacia. O certo é que o eucalipto, por ser uma espécie de rápido crescimento, apresenta um gasto energético muito alto e daí a necessidade de se hidratar, mas podemos garantir que dificilmente uma outra espécie seria tão eficiente no uso deste recurso quanto ele. Por isso que em solos úmidos o consumo e o crescimento florestal tende a ser maior, e vice-versa. Mais importante ainda é dizer que em regiões mais áridas, onde a silvicultura tem sido viável, só se consegue agricultar, se implantar um conjunto ostensivo de irrigação, consumindo quantidades assustadora de água. Assim, fica a pergunta, onde o amigo leitor viu uma plantação florestal sendo irrigada conforme se vê na agricultura? Cabe aqui a menção de que toda plantação comercial requer uma série de exigências no que diz respeito a fatores do meio que, se não forem atendidas, conduzem a comportamentos distintos e inferiores ao potencial genético.

Quanto à redução da vazão, a principal atitude a tomar é simplesmente fazer cumprir a legislação florestal que proíbe qualquer tipo de plantação comercial num raio de 50 metros das nascentes e, nas áreas consideradas de recarga, sugere-se orientar os produtores a manejarem suas plantações sob técnicas conservacionistas do solo, de forma a não expô-lo num nível que prejudique o estoque de água no solo e no lençol freático.

Em relação a redução da fertilidade e acidez do solo, só gostaríamos de colocar o seguinte, das plantações florestais apenas se explora a madeira, composto orgânico formado por moléculas de carbono, oxigênio e hidrogênio, retiradas do ar pelo processo da fotossíntese, tal que se a exploração ocorrer após a rotação ecológica e se as cascas do tronco forem deixadas no campo, dificilmente ocorreria um empobrecimento do solo, pelo contrário, vai é melhorar a fertilidade devido a  reciclagem dos nutrientes absorvidos das camadas mais profundas pelas raízes pivotantes e liberados com a exsudação e com a decomposição da matéria orgânica (folhas, cascas, galhos, frutos e sementes) que cai sobre o solo. Isso explica parte do interesse dos produtores de soja em adquirir terras que outrora foram reflorestadas.

Vários estudos demonstram que, com o reflorestamento, a fauna tem retornado nas propriedades. Uma das razões é devido as empresas possuírem grandes extensões de florestas nativas e plantadas, além de programas de educação ambiental visando, entre outras coisas, a proteção dos animais, e à medida que os reflorestamentos vão se deslocando para as áreas dos produtores rurais e estes vão se conscientizando, o resultado não vai ser diferente, ou seja o reaparecimento e aumento da fauna. Certamente isto não ocorreria em áreas agrícolas, em razão do intenso movimento de pessoas e máquinas, uso de defensivos químicos e, am alguns casos, queimadas.

No tocante ao latifúndio e monocultura, regime que independe da espécie e da atividade, esclarecemos que ambos são conseqüências naturais, dado o contexto em que os reflorestamentos se iniciaram, são prejudiciais para todos, não há nada de estratégico as indústrias serem latifundiárias, e são evolutivas, no futuro os produtores, certamente, abastecerão boa parte das demandas das indústrias. As razões disso são que, a madeira de reflorestamento apresenta baixo coeficiente preço/peso específico em razão de ser um produto pesado e de baixo valor comercial. Esta condição, muito peso para pouco preço, faz com que o valor de uma carga de caminhão seja relativamente baixo, quase o seu custo de transporte. Isto forçaria a localização dos reflorestamentos próximos da indústria consumidora para que se viabilize o projeto. Sendo que a instalação de um projeto industrial (exemplo da indústria de celulose) exige altos investimentos iniciais, o que requer um nível elevado de produção, para que sejam diluídos seus custos por unidade produzida, o que levaria a formação de grandes empreendimentos florestais, operando em economia de escala.

Desta forma, tudo isso, baixa rentabilidade e atratividade de até pouco tempo atrás, coeficiente preço/peso específico, exigência de elevado investimento inicial, produção em escala e obrigação ao auto-suprimento, forçou as empresas florestais a adquirirem grandes quantidades de terras (latifúndios) e formarem, inexoravelmente, extensas áreas florestadas (monoculturas).

Neste sentido, o latifúndio, a monocultura e os grandes maciços florestais localizados no entorno das empresas dificultaram a existência de outros produtores e consumidores de madeira próximos, eliminando as possibilidades de concorrência, de aumento nos preços da madeira, levando a constituição de monopólios naturais.

Porém, com as mudanças no mercado conforme descritas, a tendência é que boa parte do abastecimento fique a cargo dos produtores, que de fato deveria ter sido desde o início do desenvolvimento do setor. No entanto prezado leitor, quem realmente está bancando o reflorestamento para os produtores são as empresas florestais com seus programas de fomento, pois os dos governos tem sido tímidos e questionáveis. Apesar delas estarem desempenhando muito bem estes programas, o problema é que eles são onerosos, foge do core business das empresas e as obriga se aventurar numa engenharia financeira que não as competem, mas sim aos agentes financeiros, que ainda não acordaram para este novo e fantástico eldorado florestal.

Com relação a emprego, tem sido dito que os reflorestamentos geram desemprego, favorecendo o êxodo rural. Calúnia como esta chega a ser bizarra. A título de contrastar isto, prezado leitor, informamos-lhe que um dos entraves da expansão do reflorestamento em várias regiões se deve a falta de mão-de-obra, pois principalmente para as montanhosas, onde é praticamente impossível mecanizar a maior parte das operações florestais, e sendo estas absorvedoras de grande contingente de trabalhadores, o que tem sido narrado por produtores é que, mesmo querendo reflorestar, não encontram gente para trabalhar.

Talvez para as regiões de topografia mais plana, o processo de mecanização, pode acarretar num menor uso de mão-de-obra. Mas isto é uma conseqüência natural do nosso sistema econômico, que exige progresso tecnológico, no entanto há de se notar as vantagens disso para a competição e para o trabalhador, pois sendo mais competitiva a empresa, maior a chance de continuar empregado e melhores as condições de trabalho, pois se há 30 anos ele operava uma ferramenta manual nas operações florestais, hoje ele dirige uma máquina segura, confortável e ergonômica.

Não ignoramos o fato da mecanização provocar o desemprego, mas temos que entender que as empresas precisam evoluir, reduzir custos e conquistar mais e novos mercados, com isso crescer e contratar mais mão-de-obra, certamente boa parte daquelas que outrora fora dispensada, e que agora encontrará condições mais humanas de trabalho. Por outro lado, uma das conseqüências naturais do capitalismo é o desemprego estrutural causado pelo avanço tecnológico, não que sejamos a favor do capitalismo, mas infelizmente é o que está ai. Então, cabe a nós fazer com que ele seja o mais justo e humano possível.

Atualmente, culpar o reflorestamento pelo êxodo rural é repugnante, pois podem escrever, será ele quem vai inverter o êxodo causado pela nova agricultura, pois com a expansão e o surgimento de novos projetos florestais, o Brasil será, mesmo com algumas pessoas e instituições tentando prejudicar, o maior produtor de produtos florestais do mundo, o que vai demandar uma quantidade enorme de madeira, conseqüentemente mais áreas reflorestadas e mais emprego.

Existem muitas áreas ociosas, degradadas e mal aproveitadas no Brasil, onde se poderia investir em reflorestamentos. Para estes locais, o eucalipto é uma excelente opção econômica, ambiental e social. Naturalmente, ele valorizará as terras das propriedades rurais, principalmente as localizadas em regiões montanhosas.

Por isso, sabemos que não é só privilégio das plantações florestais os impactos negativos advindos, mas sim de qualquer ação antrópica, então o que nos cabe é analisar e decidir sobre os custos e benefícios delas, para saber se determinada atividade pode ou não ser implantada e, se sim, quando, como, onde e quem fazer, porém nunca, insanamente, proibi-la e rotulá-la sem quaisquer fundamentos.

Finalmente, meu paciente leitor, não queremos alardear que o eucalipto é a panacéia para todos os nossos problemas, mas garantimos que ele é o elixir que faltava para a sobrepujança do agronegócio da região sul e sudeste brasileira e é a melhor opção para reduzir a pressão sobre as florestas nativas da região norte. No entanto, querer impedir o crescimento da eucaliptocultura no Brasil é uma traição às esperanças de uma aurora para uma grande parcela do nosso sofrido povo brasileiro, principalmente os que vivem no meio rural, desiludidos de quaisquer perspectivas de desenvolvimento.

(Por Sebastião Renato Valverde, Ambiente Brasil, 06/09/2008)
* É professor adjunto do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (MG), na área de Política, Legislação e Administração Florestal. Contato: valverde@ufv.br.

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