O desmatamento de 750 hectares de Mata Atlântica, descoberto pelo Ibama na região Norte do Estado de Santa Catarina, nas últimas duas semanas, confirma a necessidade de um limite legal para o plantio de espécies exóticas, principalmente do pinus. A opinião é do deputado Padre Pedro Baldissera (PT). Ele afirma temer que, em um prazo muito curto, já sejam sentidas no microclima de diversas regiões, as conseqüências da substituição da mata nativa por monoculturas.
Em alguns municípios, a monocultura da espécie já toma conta de mais de 40% do território. "O projeto do Código Ambiental, que deveria justamente trazer essa preocupação e de quem todos esperavam avanços, foi mais uma trapalhada do governo do Estado. Prometeram a matéria por seis meses, para depois enviar um projeto adulterado e que não contempla o mínimo", afirmou Padre Pedro, que presidiu o Fórum do Aqüífero Guarani por dois anos.
O parlamentar também fez referência a um estudo, divulgado no dia 27 de maio deste ano, pelo Ministério do Meio Ambiente, e que repercutiu na Assembléia Legislativa. Na época, Padre Pedro apresentou os números na tribuna, indicando que, nos últimos anos, o Estado devastou 22% de Mata Atlântica, 4% a mais que o segundo colocado, o Rio de Janeiro. "Boa parte disso foi substituído por pinus", observa.
A quantia significa 45,5 mil hectares de mata derrubada em menos de cinco anos. "Na época, quando alertamos para o problema da devastação para abrigar a monocultura de pinus, a liderança do governo disse que estávamos perseguindo o governador por causa de um exagero. Agora pergunto qual a explicação para os casos se repetirem? Qual a razão do Código nem prever esse controle?", questionou o parlamentar.
O deputado ainda parabenizou o Ibama pelo trabalho de fiscalização na região. Para ele, a ação demonstrou novamente a falta de políticas do governo do Estado em relação ao meio ambiente.
O coordenador da operação do Ibama na região Norte, Olício Marques, afirma que as áreas foram mapeadas com o auxílio de imagens de satélite. A área equivale a 750 campos de futebol, e as multas somam R$ 2,8 milhões. Os agressores serão obrigados a recompor a mata devastada e todos os casos serão encaminhados ao Ministério Público.
(Por Cássio Turra, Assessor de Imprensa, gabinete do deputado Padre Pedro Baldissera, AL-SC, 05/09/2008)