O produtor rural Anuir Toss, 66 anos, defende veementemente a prática da queimada para renovar o pasto do gado e também como forma de manter os campos limpos.
- Quem criou essa lei não entende nada de pecuária. Nessa época, o gado não come pasto seco. Já no lugar onde foi queimado, a grama verde surge em poucos dias e os animais terão o que comer. Sem o fogo, o campo volta a ser mato - afirma Toss, morador de Jaquirana e dono de áreas no município e nas cidades vizinhas de Bom Jesus e São Francisco de Paula.
Para ele, deixar os campos ficarem com pasto alto e seco é perigoso, já que o risco de um incêndio seria iminente.
- A cada inverno, tem de ser feita a "sapeca". Onde tem morro e pedra com mato alto, como é que vou roçar? Além disso, tem gente que joga um toco de cigarro na estrada, o próprio sol pode provocar uma fagulha. Quem é que vai se responsabilizar se as chamas atingirem a minha casa? - questiona ele.
Toss argumenta também que os aceiros (áreas lavradas) ao redor do campo não são suficientes para deter o avanço do fogo. Na semana passada, diz ele, um incêndio ultrapassou o obstáculo e engoliu parte do campo.
- O fogo passa mais de 10 metros, não respeita o aceiro. Às vezes, o fogo atravessa até a margem do rio - conta.
(Pioneiro, 08/09/2008)