A Alberta Ecotrust patrocina projetos de preservação na província canadense que lhe dá nome. Na comemoração de seus 15 anos de idade, tudo foi pensado para diminuir a pegada ambiental
Alberta Ecotrust é uma organização responsável por patrocinar projetos e programas inovadores que terão um importante significado na preservação do patrimônio natural de Alberta, a província que lhe dá nome. Alianças estratégicas com empresas, grupos ambientais e membros da comunidade permitem que Alberta Ecotrust consiga fundos que são distribuídos duas vezes por ano.
Recentemente, a Alberta Ecotrust completou 15 anos e decidiu fazer um evento para comemorar. Não foi um evento qualquer. Eu participei e pude constatar que, de fora, nada parecia diferente de uma festa normal. Mas, no fundo, eles pensaram em tudo: dos crachás à escolha do convidado que daria a palestra mais importante da noite, passando pela comida, bebida, guardanapo, iluminação e tudo o que você puder pensar para que um evento seja um sucesso!
Um comitê foi formado para planejar o evento e torná-lo ‘verde’, diminuindo a pegada ambiental que ele causaria. Este comitê considerou vários detalhes, que listamos a seguir, para que possam inspirá-los a tomar atitudes semelhantes.
Toda festa começa pelo convite. A deles não foi diferente mas enviaram um convite online, incluindo o RSVP, o que permitiu não gastar papel mas sem comprometer a qualidade e o impacto visual. Nas ocasiões em que foi necessário usar papel, foi escolhido um 100% reciclado pós-consumo e certificado seguindo as normas da Forest Stewardship Council. Todos os esforços foram concentrados para que o material promocional pudesse ser reutilizado e, caso não fosse possível, ao menos reciclado. Os crachás foram feitos com pedaços de papelão cortados e pendurados nos pescoços dos convidados. Na saída, o crachá era recolhido para ser usado em outro evento.
Localismo
Mantendo tudo perto de casa – Alberta Ecotrust escolheu serviços locais e ‘coisas’ locais: A comida e a bebida escolhidas foram, dentro do possível, local e/ou orgânica. Pratos, talheres e copos de plástico deram lugar ao vidro, metal e cerâmica – reutilizáveis, como já sabiam nossos avós! Pano na mesa, ao invés de papel, e os restos de comida foram redistribuidos ou compostados. Ao invés de decorar com plantas como rosas em vasos, decidiram usar plantas nativas que os convidados podiam levar para casa e plantar em seus jardins. Em se tratando de um lugar onde é inverno pelo menos sete meses por ano, plantas nativas fazem a diferença, já que suportam a cobertura de neve durante este tempo todo. Mas a decisão mais interessante foi escolher um palestrante local, não gastando (em todos os sentidos!) com o vôo de uma pessoa vinda de longe... E valorizando histórias e talentos locais.
Mas eles não pararam por aí. Fizeram uma parceria com a Bullfrog Power, empresa de energia eólica, para que a Bullfrog jogasse energia verde no grid de Alberta totalizando a quantidade de energia usada durante todo o dia do evento. Confuso? Neste mundo virtual que vivemos hoje em dia, até a energia funciona assim: Quando compramos energia ‘verde’, ainda mais em uma província como Alberta, que a esmagadora maioria da energia vem do poluente carvão, não é a empresa de energia que fornece para a sua casa que vai mudar. Não vem um técnico instalar nada na sua casa, nem sua conta muda. Na verdade, a energia continua sendo a mesma mas, em seu nome, uma empresa de energia limpa, ou ‘verde’, irá jogar no grid a quantidade de energia que você comprou deles, diminuindo assim a quantidade de energia poluente necessária para prover todas as casas da província.
Para medir o impacto do evento (ou a falta de!), Alberta Ecotrust decidiu medir os recursos usados e dividir esta informação (via email, lógico!) com os participantes, como uma forma de encorajá-los a seguir o exemplo. Outro motivo é aprender com os erros para consertá-los em futuros eventos. Para eles, este evento foi uma chance de conscientizar as pessoas de quão fácil pode ser reduzir a pegada ambiental de eventos e festas como estas. O conceito de ‘Desperdício Zero’ (Zero Waste) já existe e está sendo aplicado em vários eventos pelo mundo, incluindo mega eventos como no estádio americano de Rose Bowl e nas Olimpíadas de Inverno de Vancouver, em 2010. Pode parecer utopia, mas não é. É, na verdade, um trabalho eterno e um desafio que, mesmo que não seja 100% atingido, fará diferença...
(Por Helena Artmann, OEco, 05/09/2008)