O desmatamento na Amazônia Legal atingiu 276 quilômetros quadrados em julho, de acordo com o levantamento feito pelos satélites do Imazon (Instituto Homem e Meio Ambiente da Amazônia). O número revela uma queda expressiva de 71% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a área devastada chegou a 961 quilômetros quadrados. Os maiores responsáveis pela derrubada da floresta foram os estados do Pará (75%) e Mato Grosso (12%). No acumulado do ano (de agosto de 2007 a julho de 2008), também foi verificada redução da área desmatada: 5.030 quilômetros quadrados, contra 5.331 no período anterior.
De acordo com o pesquisador Adalberto Veríssimo, da Imazon, a queda verifica em julho é um forte indicador de que, ao longo do próximo ano, a redução deve ser mais significativa que a verificada no ano anterior, uma vez que os meses de julho e agosto costumam ser os períodos com maior desmatamento na região.
Entre as causas para explicar os bons resultados, ele cita algumas ações tomadas pelo Ministério do Meio Ambiente ainda na gestão de Marina Silva: “O ministro Carlos Minc está colhendo os louros da gestão anterior. As ações de fiscalização e a política de vincular a liberação do crédito agrícola à regularização ambiental das propriedades fizeram muitos desmatadores recuarem”.
O especialista também aponta uma mudança no perfil do desmatamento. “No Mato Grosso, a pecuária não está mais avançando tanto para cima da floresta, mas houve um grande aumento da devastação na região de Carajás, no Pará, onde a mata é derrubada para produzir o carvão vegetal utilizado pelas siderúrgicas na produção de ferro fusa”. Veríssimo também destaca um forte movimento de posseiros, no oeste do Pará e no sudeste da Amazônia, que desmatam para criar benfeitorias em terras públicas e, assim, dificultar as ações de desapropriação na Justiça.
Os satélites do Imazon não conseguiram detectar a situação do desmatamento em 17% do território da Amazônia Legal, devido à ocorrência de nuvens durante a captação das imagens. A região não mapeada pelo instituto está situada no sul do Amapá, em Roraima, no noroeste do Amazonas e no norte do Pará.
(Por Rodrigo Martins, Carta Capital, 05/09/2008)